A entrada dos chineses no setor elétrico no Brasil não escapou ao superlativo que envolve quase tudo que se refere ao gigante asiático.
Em pouco mais de três anos no Brasil, a China Three Gorges (CTG) tornou-se a maior geradora privada de energia do País e já tem uma capacidade superior à usina de Itaipu.
Agora, os chineses estão atrás apenas das usinas da Eletrobras e, em geração, já são maiores que Itaipu (7 mil MW), Petrobras (6,2 mil MW) e Cemig (5,3 mil MW), de acordo com dados da Aneel.
Desde o ano passado, a CTG investiu quase R$ 20 bilhões em ativos no Brasil. Em agosto de 2015, comprou duas usinas médias do grupo Triunfo na região Sul, com 308 MW de capacidade instalada, por R$ 1,74 bilhão.
Foi um aquecimento para seu principal negócio, que ocorreu dois meses depois: a compra das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, da Cesp, cujas concessões tinham vencido e foram relicitadas. Juntas, elas somam 5 mil MW de capacidade instalada, que a CTG levou por R$ 13,8 bilhões.
Na compra da Duke — disputada também pela Brookfield e Iberdrola, como comentamos aqui — a CTG desembolsou mais US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 3,8 bilhões) por oito hidrelétricas e duas pequenas centrais hidrelétricas, somando 2,27 mil MW de potência.
Até o fim dos anos 90, esses ativos faziam parte da Cesp e foram comprados pelos americanos em 1999, quando a Cesp foi dividida em três (a AES levou outro pacote de usinas, dando origem à AES Tietê).
Com o negócio de hoje, a CTG dá mais um passo para recompor a antiga estatal, e permanece como favorita para levar o que restou dela.
O governo de São Paulo já anunciou que vai privatizar a empresa, que hoje, inclusive, tornou-se pequena frente ao porte da CTG no Brasil – de relevante, restou apenas a concessão de Porto Primavera, com 1,5 mil MW de capacidade instalada.
A Bloomberg disse no mês passado que a chinesa já fez oferta pelo controle da usina de Santo Antônio, que tem como acionistas Furnas, Cemig, Andrade Gutierrez, Odebrecht e Caixa FIP Amazônia.
Duas fontes do setor disseram ao Brazil Journal que a CTG também fez uma proposta pela Renova Energia, a empresa de energia eólica que está sofrendo com alto endividamento. A fatia de cerca de 20% da Light está à venda, mas os chineses querem apenas o controle – e esbarram na resistência da Cemig.