A Enauta acaba de enviar uma carta propondo uma fusão com a 3R, numa transação que segundo uma fonte a par do assunto pode gerar mais de US$ 1,5 bilhão em sinergias e criar um gigante do setor.
As duas petroleiras combinadas teriam uma produção diária de mais de 84 mil barris em 2024 e 120 mil barris em 2025, com campos onshore e offshore.
As reservas 2P ultrapassariam os 700 milhões de barris.
A alavancagem da nova empresa também ficaria num patamar controlado, de 1,4x EBITDA, dado que a Enauta tem caixa líquido, e a 3R, uma dívida líquida de US$ 1,4 bilhão.
A Enauta está propondo que, na relação de troca, os acionistas da 3R fiquem com 53% da empresa combinada; os da Enauta ficariam com 47%. Esta razão embute um prêmio de 12% sobre o valor de mercado da 3R no fechamento de hoje.
A proposta da Enauta atropela a negociação que já vinha se desenrolando entre a 3R e a PetroRecôncavo. Em janeiro, a 3R propôs uma fusão entre as duas empresas — que têm campos vizinhos na Bahia e no Rio Grande do Norte — estimando as sinergias em US$ 1,1 bilhão.
A transação entre Enauta e 3R poderia levar a um re-rating da companhia combinada — tendo em vista os ganhos de escala e as sinergias — com o múltiplo se aproximando ao da Prio.
Enquanto a Prio hoje negocia a 12,4x EV/reservas 2P, a 3R negocia a 5,7x, e a Enauta, a 7x.
“A transação poderia fazer com que as ações quase dobrem de valor e criar uma empresa com liquidez muito alta na Bolsa,” disse uma fonte a par do assunto.
Além disso, “seria uma empresa com uma base acionária muito forte.”
Os maiores acionistas da 3R são a Starboard, a Gerval (o family office dos Gerdau) e a família Bartelle. Os da Enauta são a Jive, o Bradesco e a família Queiroz Galvão.
Uma fonte a par do assunto disse que os acionistas da 3R tendem a ver com bons olhos a proposta, o que pode levar a companhia a pausar as negociações com a PetroRecôncavo para analisar a nova proposta.
O Itaú BBA e BTG estão assessorando a 3R.
A Enauta não está trabalhando com assessores financeiros.