Na estrutura atual, a Cosan Logística é apenas uma casca cujo única função é deter ações da Rumo. A Cosan Logística tem mais de 28% do capital da ferrovia.
Tanto a Cosan Logística quanto a Cosan são controladas pela Cosan Limited (CZZ), que hoje tem o controle indireto da Rumo – e ficaria na mesma posição na nova estrutura.
Em sua essência, a Cosan Logística é um veículo cujo propósito original já se esgotou. A holding nasceu porque a Cosan queria isolar de seu balanço o risco representado pela Rumo, então um ativo complexo que ainda passaria por um turnaround.
Mas de lá pra cá, a Rumo se tornou uma empresa saudável com um nível de alavancagem relativamente baixo. No início de 2016, a então ALL (precursora da Rumo) valia módicos R$ 500 milhões na Bolsa; hoje, depois de duas capitalizações num total de R$ 5,2 bi, vale R$ 25 bilhões.
“Não faz mais sentido que a Cosan Logística exista isoladamente,” diz um gestor. “A Rumo agora pode ser mais um ativo dentro do pool da Cosan.”
A Cosan disse que comitês independentes das duas empresas vão trabalhar com bancos para avaliar os dois negócios e propor uma relação de troca. A ação da Cosan Logística (RLOG3) chegou a subir 13% esta manhã quando o anúncio foi feito. No início da tarde, a alta era de apenas 6%. (A Cosan se deu um prazo de 12 meses para concluir a potencial transação.) De longe, o maior minoritário da RLOG3 é o investidor Luiz Alves Paes de Barros, cuja Alaska Investimentos tem 9% da companhia.
A Cosan negocia a um desconto ao redor de 40% em relação à soma de suas partes. Já a Cosan Logística tem negociado a um desconto de cerca de 25% em relação à Rumo. Tendo em vista esses descontos relativos, alguns gestores questionam a decisão da Cosan de se diluir numa moeda subvalorizada (sua própria ação) para comprar outra mais apreciada — uma assimetria que pode ser diminuída pelo trabalho de ‘valuation’ dos comitês independentes.
A incorporação da Rumo permitirá que a Cosan se beneficie ainda mais de uma inflexão na economia — uma vez que o próximo Governo faça reformas e confirme, na prática, suas credenciais pró-mercado — e, por outro lado, deve reduzir a previsibilidade de resultados da holding.
Apesar de simplificar a estrutura acionária da Cosan, a incorporação da Cosan Logística é um passo ainda tímido perto de movimentos mais ousados que a Cosan poderia fazer, como unir sua controladora CZZ à holding aqui no Brasil, ou simplesmente acabar com a estrutura de holding e distribuir ações das companhias operacionais a seus acionistas, que ficariam livres para montar o portfólio de ativos que quisessem.