A Cosan precificou ontem à noite um bond de US$ 600 milhões — numa operação que teve demanda robusta e vai permitir melhorar a estrutura de capital da holding.

O bond é um bullet com vencimento em junho de 2031 (prazo de 7,5 anos) e saiu com um yield de 7,375%. 

A Cosan começou o roadshow na quinta-feira passada, conversando com mais de 100 investidores internacionais. 

Os coordenadores foram o Itaú BBA e a Morgan Stanley. 

A demanda superou os US$ 2,2 bilhões, com gestores como Fidelity e Wellington entrando na operação. 

A Cosan pretende usar os recursos levantados para pré-pagar mais uma parte do collar que estruturou em outubro de 2022 para montar sua posição de 4,9% na Vale. 

Daquele total, apenas 1,6% eram uma posição à vista, e o restante numa estrutura de collar, em que a Cosan comprou uma opção de venda e vendeu uma opção de compra, limitando tanto seu potencial de perda quanto de ganho.

Para montar essa posição, a Cosan se financiou com bancos, com uma dívida com vencimento médio em 2,5 anos. 

Ao pré-pagar parte dessa dívida — e migrar a participação da estrutura ‘collarizada’ para a posição à vista — a empresa de Rubens Ometto melhora sua estrutura de capital aumentando o duration da dívida de 2,5 anos para 7,5 anos. 

Outro benefício é que ao aumentar sua participação direta na Vale, a Cosan passa a ter mais acesso aos dividendos da mineradora, já que hoje ela precisa usar uma parte relevante dos dividendos que recebe da Vale para manter os strikes dos derivativos fixos ao longo do tempo. 

A participação da Cosan na Vale se manterá igual, e a ideia é usar os recursos do bond para liquidar todo o collar até o final de junho. 

A dívida ligada ao collar já foi de R$ 8,6 bilhões, e hoje  está em R$ 5,6 bilhões. Com o bond, a Cosan liquidará mais R$ 3 bi, e deve usar o excedente de caixa que tem hoje (entre R$ 1 bi e R$ 1,5 bi) e os dividendos que receberá de suas investidas nos próximos meses para liquidar o resto. 

Desde o terceiro tri, a Cosan já vem reduzindo a participação via collar e aumentando a posição à vista. Na aquisição do stake, a participação direta estava em 1,6% e o collar era 3,3%. No final do ano, a posição à vista já havia subido para 2,6%, e o collar, caído para 2,3%. 

“O collar vencia entre 2024 e 2027. Os vencimentos de 2024 já amortizamos no ano passado, bem como metade dos vencimentos de 2025,” o CFO Rodrigo Araujo disse ao Brazil Journal. “Agora, vamos amortizar o restante de 2025 e uma boa parte de 2026, e o restante com o caixa e dividendos.”

Ao final desse processo, a Cosan teria reduzido um pouco a sua alavancagem, que fechou o terceiro tri em 1,7x o EBITDA dos últimos doze meses.  

A ação da Cosan sobe 12,3% nos últimos doze meses, com a companhia valendo R$ 35 bilhões. A holding negocia com um desconto de 40% em relação à soma de suas participações; o consenso do sellside é que este desconto deveria estar entre 10% a 20%.