Desde o início da crise, a liquidez internacional simplesmente secou para os bancões brasileiros – e, segundo o CEO do Bradesco, ela não voltou até agora.
“As linhas para o Bradesco secaram 80% e o spread – o custo das linhas externas para nós – quadruplicou,” Octavio de Lazari disse numa call do Credit Suisse que reuniu também os CEOs do Itaú e Santander.
“Eu até entendo…porque lá fora existe o crédito revolver, que é uma espécie de reserva de crédito que as empresas abrem. Essa linha teve saques muito expressivos lá fora – o Citibank teve que desembolsar US$ 100 bi em três dias.”
Segundo Octavio, a falta de liquidez internacional é um problema sério porque os bancos precisam continuar financiando as operações de exportação e importação.
“Estamos conversando com o Banco Central para ele atuar no mercado de dólar. Porque se essas linhas não vierem dos bancos estrangeiros, o BC poderia exercer esse papel.”
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“Salvo um setor ou outro, que precisa de uma solução,” Sérgio Rial não vê alertas vermelhos no crédito das grandes empresas brasileiras.
Nas PMEs, a história é outra.
“Essas vão sair bem machucadas dessa crise,” disse o CEO do Santander. “Mas a diferença hoje é que temos a Selic baixa, o que permite falar de prazo mesmo com as pequenas empresas. Se conseguirmos como sistema privilegiar os que tem chance de chegar lá na frente, acho que o prazo vai ser uma das grandes soluções.”
Outra oportunidade: os próprios bancos montaram estruturas de private equity.
“Porque às vezes o que a empresa precisa é de uma infusão de equity… Vão ter grandes oportunidades de negócio.”
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Que essa crise é a pior e diferente de todas, todo mundo já sabe.
Mas o que ela tem de melhor?
Para o CEO do Itaú, há dois elementos na macroeconomia que colocam o Brasil numa situação melhor que no passado, a começar pela dependência externa.
“Até 2010, o Brasil tinha uma grande dívida e dependência externa, então qualquer crise dessas tinha um efeito muito ampliado sobre a nossa economia. Naquela época, dificilmente a gente sobreviveria a isso sem uma moratória,” disse Candido Bracher.
O segundo elemento: a taxa de juros.
“Essa crise nos pegou na menor taxa de juros da nossa história, o que é excelente. Se tivéssemos taxa de juros em 14% ao ano, as empresas passarem dois, três meses paradas teria um efeito ainda mais destruidor… seria algo terrível.”
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A Gerdau tem um novo chairman.
Guilherme Gerdau Johannpeter, o vice-presidente de operações da siderúrgica, vai substituir seu primo Cláudio Johannpeter na presidência do conselho.
Guilherme é da quarta geração da família fundadora e, com 48 anos, é o executivo mais jovem a liderar o board desde a fundação da companhia há 119 anos.
Desde 1985 na empresa, ele já passou por diversos cargos no Brasil e nos Estados Unidos, do jurídico ao comercial, incluindo o comando da operação de aços longos da América do Norte.
Cláudio, que ocupava o cargo de chairman desde 2015, vai assumir a vice-presidência do conselho.
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Charlie Munger disse que as empresas ainda não estão implorando socorro à Berkshire.
“Todo mundo está congelado. O telefone não está tocando,” o vice chairman da Berkshire Hathaway disse ao The Wall Street Journal.
“Pegue o exemplo das aéreas. Elas não sabem que diabos estão fazendo. Elas nunca viram nada igual a isso. O playbook não tem isso como uma possibilidade.”
Para a surpresa dos value investors mais fervorosos, Munger disse que a Berkshire está sendo conservadora e não está usando o caixa para fazer grandes compras — como fez no auge da crise financeira de 2008.
“Somos como o capitão de um navio quando chega o pior tufão que já aconteceu. Só queremos atravessar o tufão e preferimos sair com muita liquidez”
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Essa é uma Santa Causa.
Vai ser lançado amanhã o Respira Brasil, um projeto para arrecadar R$ 42 milhões e comprar respiradores e insumos básicos para hospitais filantrópicos e Santas Casas.
Essas instituições são responsáveis por atender 54% da demanda do SUS em mais de duas mil cidades.
Os idealizadores são o Banco Máxima e as empresas Diretrix.On, Mooba e ABMail. Já aderiram à causa: a seguradora Wiz, a fintech BBNK, a Prime You e o Madrona Advogados.
Algumas empresas estão doando do caixa, e outras pedindo que funcionários contribuam.
Para ajudar os hospitais beneficentes, clique aqui.
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Ok, ‘crise é oportunidade’.
Mas quando isso sai da boca do Dalai Lama, o peso é outro.
Num artigo na TIME, o líder espiritual do Tibete disse que “estes tempos de grande temor” são uma oportunidade única para pensarmos nos nossos desafios — e possibilidades — de longo prazo.
“Todos nós precisamos tomar conta do nosso planeta e prevenir a mudança climática e outras forças destrutivas. Essa pandemia serve como um aviso de que apenas nos unindo para dar uma resposta coordenada e global conseguiremos fazer frente à magnitude dos desafios que enfrentamos,” escreveu o monge, antes de conclamar toda a sociedade a ajudar os necessitados.
“Ninguém está livre do sofrimento, e temos que estender nossas mãos para aqueles que não têm casa, recursos ou famílias para protegê-los.”