A Copa Energia – a dona da Copagaz e da Liquigás – está comprando uma fatia de 36% da GNLink, a empresa de gás natural liquefeito (GNL) controlada pela Lorinvest, a gestora da família Lorentzen. 

O valor do investimento não foi revelado, mas o CEO da Copa Energia, Pedro Zahran Turqueto, disse ao Brazil Journal que o montante ultrapassa os R$ 100 milhões.

Segundo Christian Lorentzen, o vice-presidente executivo da Lorinvest, as negociações começaram há um ano, mas se alongaram à medida que a operação da GNLink evoluía e as premissas do negócio mudavam.

“Esse tempo ajudou as famílias a se conhecerem melhor para iniciarmos essa parceria como sócios,” disse Lorentzen. 

Com a aquisição, a Copa – controlada pela família Zahran e a Itaúsa – passará a ter um dos três assentos do conselho da GNLink. A gestão da companhia não muda, com Marcelo Rodrigues como CEO.Pedro Zahran Turqueto

Fundada em 2023, a GNLink já opera duas plantas de GNL – uma na Bahia e outra no Paraná – e vai inaugurar uma terceira no Rio Grande do Norte até o fim do ano. Com as três plantas – que realizam a liquefação e a regaseificação, e a partir das quais a empresa faz o transporte do gás natural – a capacidade da GNLink deve chegar a 300 mil m³/dia.

O investimento da Copa Energia tem o racional estratégico de levar o gás onde a malha de gasodutos não chega. Hoje, apenas 3% do território nacional é coberto por essa malha.

E o GNL aparece como uma alternativa eficiente para levar gás a esses locais. Ao ser resfriado a cerca de -150ºC, o gás natural se transforma em líquido, o que reduz drasticamente seu volume e permite o transporte em carretas de forma muito mais eficiente do que o gás comprimido, por exemplo. 

“Do ponto de vista de ESG, é um produto com menos emissão de gases de efeito estufa do que, por exemplo, o diesel e a gasolina,” disse Turqueto, que vê a GNLink como uma potencial “solução completa de GNL”. 

O aporte da Copa Energia é 100% primário. Ele vai entrar diretamente no plano de capex de R$ 850 milhões que a empresa prevê para os próximos quatro anos, o que deve duplicar o faturamento da empresa até lá. 

O capex inclui a abertura de novas plantas, posicionando a empresa estrategicamente em diversas regiões – e garantindo que cada unidade funcione como backup para as demais, o que aumenta a resiliência operacional.

“Hoje, a GNLink opera duas plantas e, apesar de estarem distantes geograficamente, já são capazes de servir como backup uma para a outra. Isso já traz resiliência para a operação,” disse Lorentzen.

Segundo Turqueto, a compra faz parte de uma estratégia de diversificação da Copa Energia – saindo de um foco quase exclusivo no GLP (os botijões) para se tornar uma espécie de “balcão completo de energia”.

No ano passado, a Copa Energia fez o primeiro movimento nesse sentido: comprou a CTG, uma companhia de transporte de gás natural comprimido, que também atua em biometano. 

Turqueto disse que a empresa está aberta para M&As em outros segmentos, mas também vê espaço para crescer organicamente – principalmente no mercado de energia elétrica.

O executivo disse que quer aproveitar o reconhecimento de suas principais marcas – Copagaz e Liquigás – e a relação com 30 milhões de residências e 13 mil revendedores para ganhar escala com a abertura do mercado livre de energia.

“Vejo uma grande complementaridade com o nosso business,” disse o CEO.