Com um terço das emissões globais vindo da produção de alimentos, os sistemas alimentares finalmente chegaram ao centro das discussões na COP. E poucas empresas estão tão expostas à crise climática quanto as gigantes do agronegócio. 

No novo episódio de COP Meio Cheio, Meio Vazio, o Brazil Journal mostra como grandes empresas brasileiras estão apostando na agricultura regenerativa para avançar na estratégia de descarbonização do negócio. 

“A gente sabe que práticas regenerativas constroem a resiliência dos diferentes cultivos. Então, frente às mudanças drásticas, as lavouras tendem a perdurar muito mais do que em fazendas que não têm práticas regenerativas,” diz Bárbara Sapunar, diretora-executiva de Business Transformation e ESG da companhia. 

A executiva conta como a agricultura regenerativa passou a ser peça-chave para a estratégia global de descarbonização: 41% dos ingredientes da Nestlé no Brasil já vêm de fazendas regenerativas, o dobro da meta mundial prevista para 2025. O modelo melhora a saúde do solo, reduz emissões, aumenta produtividade e pode garantir resiliência diante de eventos extremos. Em café, produtores que adotaram o método registram 18% mais produtividade e 30% menos pegada de metano.

O episódio também destaca o avanço da Citrosuco, gigante global do suco de laranja, que enfrenta escassez hídrica, ondas de calor e pragas como o greening. A companhia investe em irrigação por gotejamento, manejo de biomassa e bioinsumos — e acaba de anunciar a primeira venda de créditos de carbono gerados no programa PSA Carbon Agro, em parceria com Reservas Votorantim e Eccon. O modelo valoriza serviços ecossistêmicos de pomares perenes e pode abrir uma nova fonte de receita para produtores rurais.

O programa ainda traz o olhar de gestores públicos. O prefeito de Porto Velho, Léo Moraes, relata como a capital de Rondônia — que chegou a registrar a pior qualidade do ar do mundo em 2024 — tenta atrair investimentos para reconverter áreas degradadas e se tornar um hub logístico e produtivo sustentável na Amazônia.

À medida que a COP30 avança, fica claro que a implementação depende diretamente das empresas — das cadeias de fornecimento, da tecnologia e do capital privado. E a agricultura regenerativa emerge como uma das soluções mais concretas para uma transição que precisa ser rápida, lucrativa e escalável.

O podcast COP Meio Cheio, Meio Vazio é publicado semanalmente e tem patrocínio de Aegea, Allos, Santander e Vale.

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