O conselho de administração da Eletrobras veio a público afirmar sua autoridade sobre a nomeação do próximo CEO da empresa, criando um obstáculo de direito e de fato para que o cargo seja objeto de barganha política no momento em que a estatal luta para preservar os ganhos da gestão profissional dos últimos quatro anos e meio.
Depois de uma reunião por volta do meio-dia, o conselho da Eletrobras publicou agora à noite uma nota em que diz ser sua “atribuição legal e estatutária” nomear o sucessor de Wilson Ferreira.
O conselho disse que vai contratar um headhunter imediatamente para ajudar a achar o próximo CEO. Wilson deixa o cargo em 5 de março.
A manifestação do conselho é o primeiro grande teste da governança instalada na Eletrobras pelo Governo Michel Temer, que continua sendo o Governo com mais serviços prestados ao País na última década.
Apesar de oito dos 11 membros serem indicados pelo acionista controlador, desde o Governo Temer — e continuando durante o Governo Bolsonaro — todos são nomes técnicos e sem dever de vassalagem ao Planalto.
Os atuais conselheiros incluem Mauro Cunha, ex-presidente da AMEC e do IBGC; Felipe Villela Dias, sócio da consultoria Visagio e indicado pela 3G Radar, o maior detentor de ações PN; Lúcia Casasanta, uma ex-executiva da Eletrobras que não é ligada ao Governo; e Daniel Ferreira, representante dos detentores de ações ON e indicado por Juca Abdalla, um dos maiores acionistas da Eletrobras.
Na tarde de hoje, começaram a circular nomes de prováveis sucessores de Wilson, que está indo para a BR Distribuidora.
O principal deles é Ruy Schneider, um oficial da reserva da Marinha que é conselheiro da empresa e se tornou presidente do conselho depois da renúncia de José Monforte em dezembro. Uma pessoa próxima a Schneider disse que ele não tem interesse no cargo, e que a circulação de seu nome é um balão de ensaio. Ruy vai fazer 80 anos no mês que vem.
De acordo com pessoas próximas ao conselho da Eletrobras, Brasilia não contactou a companhia a respeito de nenhum nome até agora.
“Na prática, para fazer valer sua vontade e impor um nome político, o Governo teria que detonar uma bomba nuclear: convocar uma AGE, destituir o conselho e eleger outro.”