Em um mercado de OOH cada vez mais concorrido e objeto de transações bilionárias, a Pixel Retail Media começou a operar quatro anos atrás atacando um nicho que os grandes players do setor ainda estão desconsiderando: os supermercados.
Por ser um segmento extremamente pulverizado e em que os grandes varejistas costumam tocar o OOH dentro de casa, gigantes do OOH como Eletromidia e NEOOH preferem se concentrar em outros pontos de contato, como aeroportos, mobiliário urbano e edifícios.
Mas o CEO Fábio Amorim fala do potencial do segmento citando um dado: uma pesquisa feita pelo Target Group Index, que aponta que 61% dos consumidores lembram ter visto propagandas em supermercados nos últimos 30 dias. Nas classes A/B o percentual sobe para 67%.
Segundo a pesquisa, é um número bem maior do que os impactos em ônibus (49%), relógios de rua (38%), elevadores (30%), metrô (17%) e aeroporto (8%).
O executivo também lembra que a baixa penetração das compras de supermercado pela internet – cerca 6% do total – joga a favor da Pixel.
“É um negócio de muita recorrência e ainda não existe um líder nacional para o varejo. Então, vimos uma oportunidade nessa lacuna,” Amorim, um ex-executivo da BR Malls e ex-CEO do Hortifruti, disse ao Brazil Journal.
Com essa tese em mãos, a Pixel foi atrás de algumas redes de supermercados e preferiu iniciar a expansão pelas classes A e B.
Atualmente, a empresa atua em 53 lojas das redes Zona Sul, do Rio, St. Marché, de São Paulo, Verdemar, de Belo Horizonte, e Hiperideal, de Salvador.
Hoje com 255 telas, a empresa calcula que gera 37 milhões de impactos por mês. Com esses números, a Pixel já conseguiu atrair anunciantes como Fiat, Cielo e BYD.
“Alguns varejistas preferem focar em anúncios de seus próprios fornecedores, mas o público do supermercado compra carro, viagem e casa – e não só Coca-Cola, pão e farinha,” disse.
O executivo disse que a empresa deve saltar de um faturamento de R$ 3,5 milhões no ano passado para R$ 10 milhões este ano, e a meta é chegar a R$ 30 milhões em 2026.
O negócio chamou a atenção de alguns investidores. A Pixel acaba de realizar uma rodada com Ruy Kameyama, o ex-CEO da BR Malls e hoje na Azzas 2154, e Alexandre Colombo, da família fundadora da Piraquê.
Segundo Amorim, a captação avaliou a Pixel em R$ 12,5 milhões. A empresa planeja fazer uma nova rodada até dezembro para sustentar o crescimento de 2026.
Depois de se estabelecer nos supermercados do público A, o executivo disse que a Pixel futuramente vai buscar varejistas voltados para as classes C e D.
“Em uma terceira fase, também vamos para o interior, e vemos espaço para crescer em farmácias,” disse.
A Pixel Retail Media surgiu em 2021, quando Márcio Souza Júnior, um ex-executivo de mídia da BR Malls, percebeu a oportunidade. Mas o negócio só engrenou de fato no ano passado, quando Márcio chamou Amorim, seu ex-colega de empresa, para se tornar sócio e CEO.
Os dois sócios trabalharam no crescimento da área de OOH da BR Malls (hoje Allos), chamada Helloo.
“Vejo o mesmo espaço em supermercados que nós vimos em shoppings há dez anos. É um caminho complexo, mas é o natural para uma empresa que está surgindo e que vai querer competir com as grandes,” disse.