A Dr. Jones acaba de levantar capital para acelerar sua expansão digital, num momento em que a marca de produtos de beleza para homens começa a colher os primeiros frutos de sua estratégia direct-to-consumer.
A rodada de R$ 6 milhões foi liderada pela Igah Ventures — gestora que surgiu da fusão entre a Joá Investimentos e a e.Bricks Ventures — e teve a participação da Norte Ventures, de Bruno Nardon e Gabriel Benarrós, além de dois fundadores da Trybe, que investiram como pessoas físicas.
A Astella Investimentos e a IgniteXL, que já eram investidores, acompanharam a rodada.
A Igah ficará com cerca de 15% do capital; a Astella manterá os 10% que já tinha; e os dois fundadores — um ex-banker e um ex-trader da tesouraria do Itaú BBA — ficarão com 60%.
O investimento vem nove meses depois da Dr. Jones começar uma transformação completa de seu modelo de negócios, tirando seus produtos de todas as lojas físicas e marketplaces e apostando todas as fichas no D2C — com a venda por meio de um ecommerce próprio.
O timing não poderia ter sido melhor.
“Logo que começamos a operar no D2C veio a pandemia, que acelerou muito as vendas digitais,” Guilherme Campos, o cofundador, disse ao Brazil Journal. Em abril, a startup marcou seus preços 15-20% para baixo, repassando o ganho de margem que obtivera ao retirar seus produtos de outros canais de varejo.
A Dr. Jones cresce 30% ao mês desde março e espera faturar R$ 5 milhões este ano. Em setembro, segundo Guilherme, o run rate já estava em R$ 7 milhões.
Hoje, a Dr. Jones tem 2,5 mil assinantes, que respondem por 20% da receita. A maior parte deles veio da Home Shave Club, um clube de assinaturas de lâminas de barbear adquirido pela startup no início de 2019.
Os recursos da capitalização serão usados para investir em marketing e P&D. Com uma linguagem bem humorada e inspirada na Dollar Shave Club, o comercial de lâminas da Dr. Jones já atingiu quase 5 milhões de views nas mídias sociais. A startup pretende replicar a estratégia para outras categorias, além de fazer marketing offline — outdoors, metrô e eventos — assim que a pandemia permitir.
A Dr. Jones tem um portfólio de 11 produtos, incluindo um shampoo, um creme pós-barba, um esfoliante facial e o ‘Abdoburn’ — um gel redutor de gordura abdominal que promete ajudar o homem a chegar no tanquinho perfeito. Até o fim do ano que vem, a startup pretende lançar outros seis produtos, com foco em cuidados para o cabelo e skin care.
A Dr. Jones atua num mercado que já movimenta perto de R$ 22 bilhões por ano no Brasil, o segundo maior mercado de beleza masculina do mundo. O problema: grande parte desse montante está concentrada em apenas três produtos — lâminas, desodorantes e fragrâncias — e nas mãos de poucas empresas.
“O mercado de beleza masculina é muito concentrado em marcas líderes e com um portfólio estabelecido. Mas essas marcas têm muita dificuldade de inovar, o que tem aberto espaço para marcas jovens, modernas e com uma boa comunicação ganharem terreno,” diz Luis Felipe Magon, da Igah.
A gestora foi a primeira investidora institucional da Reserva, em 2011, e viu de perto o processo de construção de uma marca de sucesso voltada para os homens.
“Muita gente fala que homem não consome moda e beleza. Isso é uma grande mentira. O que falta é uma oferta maior de produtos e uma comunicação melhor.”