O Burger King Brasil desistiu da operação pela qual incorporaria a Domino’s Pizza no País — mais uma vítima da hecatombe nos mercados causada pelo Governo Bolsonaro e pela Câmara de Arthur Lira, que detonou o câmbio, a Bolsa e os juros.
O distrato, anunciado no domingo à noite, vem depois que a ação do Burger King mergulhou para quase metade do valor em que negociava no início de julho, quando o acordo havia sido anunciado.
Pelos termos da operação, os acionistas da DP Brasil — fundos de private equity geridos pela Vinci Partners — receberiam 54 milhões de ações do Burger King Brasil, à época avaliadas em R$ 11,12, e ficariam com 16,4% da empresa depois da diluição.
Mas como o papel fechou sexta-feira a R$ 6,87 — o menor valor da história — se a transação fosse adiante os fundos da Vinci teriam um prejuízo automático.
Os fundos teriam que marcar a Domino’s a mercado, e por um valor abaixo do que pagaram pelo ativo, o que prejudicaria sua performance.
Mas o distrato parece mais um recuo tático. Fontes próximas à companhia dizem que o management do BKB continua acreditando nos méritos da fusão, e os dois lados deixaram a porta aberta para reatar as conversas no futuro.
Uma das cláusulas do distrato prevê que, se ao longo do próximo ano alguém fizer uma oferta pela Domino’s, o BKB terá direito de adquirir a companhia “pelo mesmo preço por ação oferecido pelo terceiro,” seja pagando em dinheiro ou incorporando a Domino’s como previsto originalmente.
Ao mesmo tempo, o distrato também impede o Burger King de entrar no segmento de pizzas que não seja por meio de algum negócio com a Domino’s. Essa exclusividade também vale por um ano.
Pelos termos do acordo original, os fundos da Vinci, que já detinham 6,44% da companhia, passariam a deter 22,84% do capital.