A XP rebaixou sua recomendação para a Embraer de ‘compra’ para ‘neutro’ depois do papel ter subido quase 120% nos últimos 12 meses.
A corretora também definiu o preço-alvo da fabricante de aeronaves em R$ 37 – o que implica um downside de 5% em relação ao preço do fechamento de ontem.
Para a XP, a forte alta recente é o principal problema: os analistas Lucas Laghi, Fernanda Urbano e Guilherme Nippes acham que agora o valuation está esticado.
Segundo a corretora, um múltiplo EV/EBITDA de 7,6x para 2025 parece elevado dado à expectativa de crescimento e o retorno da Embraer. O mais justo seria algo entre 6x e 6,5x.
“Embora esperemos que a empresa colha os frutos das melhorias no ROIC e de um ‘período de colheita de FCF’ nos próximos anos, achamos a avaliação assimétrica,” escreveram os analistas, acrescentando que essa é a única razão por trás do downgrade.
A corretora disse que apesar dos múltiplos da Embraer estarem abaixo dos seus principais concorrentes, é necessário fazer alguns ajustes.
Os analistas, por exemplo, não enxergam que o EV/EBITDA seja a melhor métrica para a companhia por causa dos diferentes fatores de depreciação e amortização entre as empresas.
Por isso, os analistas escolheram o EV/NOPLAT (entreprise value sobre o lucro líquido menos impostos ajustados) para avaliar o negócio. Ao realizarem os ajustes de crescimento, custo de capital e retornos, eles chegaram a um múltiplo de 18,5x, alinhado com a média da indústria.
“Embora a Embraer pareça mais barata em relação aos pares à primeira vista, acreditamos que isso se deve ao seu perfil diferente de ROIC-wacc/crescimento, o que justifica o nível atual de desconto, em nossa opinião,” escreveram.
Mas isso não quer dizer que a empresa deixará de entregar bons resultados, segundo a XP.
Como os ciclos de investimentos na indústria são longos, a Embraer deve se beneficiar do que foi feito na última década – caracterizado como um período forte de alocação de capital e desenvolvimento de produtos, segundo os analistas.
Isso deve se refletir no ROIC, que deve sair de entre 6,6% e 8,5% em 2023 e 2024 para até 12,3% em 2030.
A XP também acredita que a empresa deve acelerar o crescimento das vendas, com uma expansão acima de dois dígitos para o biênio de 2024 e 2025.
A aviação comercial deve ser a mais beneficiada (com um CAGR de EBIT de 32% para o período 2024-2030), seguido por um crescimento sólido na área de defesa e uma alta moderada para a divisão executiva a partir de 2026.
A Embraer vale R$ 29 bilhões na B3. O papel cai cerca de 2% hoje.