Não é à toa que a Presidente Dilma fica falando dessa tal crise internacional: para os investidores em Bolsa no Brasil, é como se ela nunca tivesse acabado.
Uma comparação dos retornos de 25 mercados de ações feito pela corretora CLSA descobriu que a Bovespa foi o único mercado com retorno negativo — em dólares — desde que o S&P bateu no fundo do poço em 9 de março de 2009.
Durante a crise — que o CLSA delimitou como tendo começado em 1 de novembro de 2007 e terminado em 9 de março de 2009 — o Brasil caiu 58,5%, quase o mesmo que o Nasdaq (- 54,6%) e a Bolsa de Paris (- 60,8%).
Mas desde aquele 9 de março que marcou o fundo do poço até hoje, todos os 25 mercados analisados pelo CLSA subiram (alguns, demais), exceto o Brasil, que caiu 6,8% desde então.
É óbvio que esse número não conta toda a história da Bolsa brasileira neste período: muitas empresas recuperaram seus valores de mercado e hoje negociam perto de suas máximas históricas, pelo menos em termos nominais.
Em boa parte, a Bolsa brasileira ficou para trás porque grandes nomes do índice implodiram: a Petrobras foi devastada pela ingerência estatal e, depois ficamos sabendo, pela roubalheira em escala industrial exposta pela Lava Jato; a OGX, que tinha o brilho de uma supernova, passou a ser o grande ‘buraco negro’ da Bolsa na quebra mais espetacular de uma empresa brasileira até hoje; e a Vale, coitada, mergulhou por causa dos preços do minério, que caíram mais de 50%. Além disso, o real se desvalorizou nos últimos anos.
Mas o câmbio e as mazelas das outrora ‘blue chips’ também não explicam tudo: até um país como a Rússia, que sofre sanções internacionais e acaba de passar por uma máxi cambial, performou melhor que o Brasil.
Entre os BRICs, a Índia subiu 184%, contra 89% da China, 31% da Rússia.
A política econômica dos últimos anos, que enfraqueceu os fundamentos da economia e tirou o Brasil da vitrine dos mercados, certamente é outra responsável por essa má performance.
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A propósito, a semana passada marcou o sexto aniversário daquela mínima do S&P. Para se ter uma ideia de como o mundo estava ‘barato’ naqueles dias, você podia comprar uma ação da Apple por 12 dólares. Hoje, ela vale 123.
Como lembra o corretor da CLSA em sua nota bem humorada (veja suas anotações abaixo), “é claro que naqueles dias você precisaria de muita coragem para abrir o seu talão de cheque [e ir às compras] depois de tudo que tinha acontecido. Mas não se preocupe, porque tem muito analista achando que teremos outra oportunidade de comprar a preços baixos muito em breve.”