Educadores, médicos e psicólogos parecem ainda distantes de um consenso a respeito da melhor idade para permitir que as crianças tenham celulares.
Mas um estudo que acaba de ser publicado indica que quanto mais cedo, pior.
Crianças que tiveram acesso ao aparelho antes dos 12 anos apresentaram maior risco de depressão, obesidade e sono insuficiente, concluiu uma pesquisa com 10.500 crianças americanas, divulgada no jornal científico Pediatrics.
O trabalho, conduzido pelo Adolescent Brain Cognitive Study (ABCD), é considerado o mais amplo realizado até hoje nos EUA sobre os efeitos de longo prazo do uso de celulares no desenvolvimento do cérebro de crianças e adolescentes.
“Quando os pais dão um celular para as crianças, precisam pensar nisso como algo significativo para a saúde delas,” disse ao New York Times Ran Barzilay, o principal autor do estudo e psiquiatra infantil e adolescente do Hospital Infantil da Filadélfia. “Uma criança de 12 anos é muito, muito diferente de uma criança de 16 anos. Não é a mesma coisa que comparar um adulto de 42 anos com um de 46.”
De acordo com os pesquisadores, os resultados fornecem “informações essenciais e oportunas que devem orientar os responsáveis pelos cuidados com relação ao uso de smartphones por adolescentes e, idealmente, contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que protejam os jovens.”
Os autores fizeram a ressalva de que o estudo mostra que existe algum tipo de relação entre adquirir um smartphone no início da adolescência e ter resultados piores de saúde mental e física, embora não seja possível estabelecer uma ligação direta de causa e efeito. Trabalhos anteriores, no entanto, sugeriram que crianças e jovens que possuem celulares passam menos tempo socializando pessoalmente, fazem menos atividades físicas e dormem menos.
O ABCD é um consórcio de cientistas que vem se dedicando a estudos de longo prazo a respeito da saúde e desenvolvimento cerebral das crianças e adolescentes dos EUA. Os trabalhos contam com o financiamento do National Institutes of Health (NIH).
“É mais um estudo mostrando que crianças que ganham smartphones cedo têm pior saúde mental na adolescência,” Jonathan Haidt, o psicólogo social autor de A Geração Ansiosa, disse em um post no X.
“Então, qual é a idade certa para o primeiro smartphone? Eu diria que é a idade em que você quer que eles diminuam o tempo de sono, leitura, exercícios e socialização,” disse Haidt. “Aconselho não fazer isso antes dos 14 anos, no mínimo.”
Resultados preliminares de um outro estudo do ABCD indicaram que o uso de redes sociais durante a adolescência pode levar a uma queda no desempenho cognitivo.
Já uma pesquisa recente do Pew Research Center mediu o uso intensivo de redes sociais pelos adolescentes entre 13 e 17 anos. Quase todos dizem ter o seu próprio celular. Três quartos deles entram no YouTube pelo menos uma vez ao dia, e mais da metade usa o TikTok diariamente. As outras redes mais populares são Instagram e Snapchat.
Questionados a respeito do tempo de uso da internet e dos celulares, praticamente metade dos adolescentes ouvidos disseram que vivem online praticamente o tempo todo – o dobro do índice de dez anos atrás.






