A Celcoin acaba de levantar R$ 650 milhões numa rodada que vai bancar o plano de expansão da startup de banking as a service — incluindo M&As dentro e fora do Brasil. 

A Série C foi liderada pela Summit Partners, uma gestora americana de growth equity, em seu primeiro investimento na América Latina.

12021 1f484660 6096 db80 518c 69a4e701e6deA Innova Capital, de Verônica Serra, que já era investidora da Celcoin, também participou, exercendo seu direito de preferência. 

A captação foi majoritariamente primária, mas teve uma parcela secundária que deu saída a dois fundos de corporate venture capital que haviam investido na Celcoin no início da operação: o Torq, da Sinqia, e o BoostLab, do BTG Pactual. 

A Celcoin atende mais de 400 clientes do setor financeiro, incluindo gigantes como XP, BTG, Inter, Mercado Pago e Agibank, além de mais de 5.000 empresas não-financeiras, como a Olist, Intelbrás e o Cruzeiro Futebol Clube.

A rodada de hoje vem pouco mais de dois anos depois da última captação da Celcoin, em abril de 2022. 

O CEO Marcelo França disse ao Brazil Journal que a Celcoin está operando com EBITDA positivo desde meados do ano passado e não precisaria dos recursos para manter a operação girando. 

“Mas fizemos a rodada porque queremos montar uma estrutura mais robusta de M&A e olhar para empresas maiores,” disse o CEO e co-fundador.

Desde a última captação a Celcoin fez quatro M&As. Em 2022, comprou a Galax Pay, especializada em soluções de faturamento e subadquirência, e a Flow Finance, que fornece infraestrutura de crédito. Em 2023, comprou a Finansystech, de open finance; e, há dois meses, adquiriu a Reg+, que atua no suporte de conformidade regulatória.

Segundo França, a ideia é continuar fazendo M&As focados em novos produtos para o ecossistema da Celcoin, mas também ir atrás de transações que aumentem o market share da companhia em produtos que ela já oferece. 

Os principais concorrentes da Celcoin hoje são a Dock, que é mais focada em banking, e a QI Tech, mais focada em crédito. Já a Celcoin começou com pagamentos em 2016, mas foi avançando para essas outras duas verticais ao longo dos anos. 

“Existem muitas empresas médias e de menor porte nesse mercado, ou que são relevantes só num produto específico,” disse ele. “Entendemos que vai haver uma consolidação nesse setor e queremos liderar esse movimento.”

A Celcoin também vai começar a olhar M&As fora do Brasil, especialmente na América Latina. Hoje a companhia opera apenas no Brasil e tem alguns poucos clientes no Chile, com a solução de open banking. 

“A internacionalização tem desafios regulatórios grandes, porque cada país tem um Banco Central diferente, uma regulação diferente, e demanda suas próprias licenças. Então o melhor caminho é ir por M&A.”

A Celcoin fechou o ano passado com uma receita líquida de R$ 256 milhões, uma alta de 113% em relação a 2022. 

No primeiro tri deste ano, o crescimento continuou forte: a Celcoin fez uma receita líquida de R$ 79 milhões, 140% maior que no mesmo período do ano passado e 23% acima do trimestre anterior.

Segundo o CEO, a meta para este ano é pelo menos dobrar a receita do ano passado, chegando a R$ 500 milhões.  

“Nosso crescimento está apoiado em três verticais: a captação de mais clientes, o crescimento da operação dos clientes atuais, e a adição de mais produtos, muitas vezes com M&As, porque os clientes conectados passam a ter acesso automaticamente a esses produtos.”

Apesar da Celcoin já ter um portfólio amplo, França disse que ainda há gaps a serem preenchidos. 

Ele acredita que a tendência de desconcentração desse mercado, que começou com a primeira onda de fintechs entrando no setor, deve continuar. “Agora, temos uma onda muito forte de empresas enterprise não-financeiras entrando,” disse ele.