A Caveo — uma startup de contabilidade e conta corrente para médicos — acaba de levantar R$ 20 milhões numa rodada com a Kortex, a gestora de venture capital que tem entre seus principais cotistas a Bradesco Seguros, o Fleury e o Sabin.
O pre-Series A vem pouco menos de um ano depois da Caveo ter levantado recursos com a Afya Educação, uma das maiores redes de ensino médico do Brasil.
Fundada em 2022, a startup já atende quase 10 mil médicos, que usam seu software para gerenciar sua contabilidade e ordens de serviços e para ter acesso a relatórios financeiros de seu trabalho.
A plataforma — cujo tíquete médio é de R$ 250/mês — automatiza, por exemplo, a emissão das notas fiscais e o pagamento dos tributos.
Mais recentemente, a Caveo conseguiu uma licença de banco e lançou uma conta corrente, permitindo que seus clientes recebam o pagamento dos serviços direto na conta da startup, adicionando uma receita de float ao negócio.
“Criamos um produto que une contabilidade com conta PJ,” Wilgo Cavalcante, o fundador e CEO da Caveo, disse ao Brazil Journal. “Estamos no processo de tombar os clientes do SaaS para o banco e esperamos chegar a 1.000 usuários do banco ainda este mês. No meio do ano, já queremos ter tombado toda a base.”
A ideia da Caveo é ir adicionando diversos produtos financeiros à sua conta, incluindo investimentos, cartão de crédito, seguros e previdência.
A rodada de hoje vai ajudar a financiar esse plano, bem como a contratação de novos funcionários e a melhoria da plataforma de SaaS.
Até o final deste ano, a meta da Caveo é chegar a 20 mil a 30 mil médicos em sua base. Até meados de 2026, a receita de fintech já deve ultrapassar a de SaaS.
“Hoje, existem 650 mil médicos no Brasil, e esse número não para de crescer,” disse Wilgo. “Ano passado, se formaram 32 mil médicos, o dobro de 2021. Este ano, vão se formar 42 mil e em 2028 devem se formar 50 mil. Até 2032, a estimativa é que o Brasil vai bater em 1 milhão de médicos.”
A Caveo começou atendendo um perfil específico de médicos: os recém-formados, que ainda não fizeram a residência e ganham principalmente com os plantões médicos. A renda média desse médico é de R$ 12 mil e ele emite de 3 a 4 notas fiscais por mês.
No futuro, o plano da startup é ampliar sua plataforma para os outros perfis de médicos, atendendo também os médicos de consultório e os médicos cirurgiões.
“Vamos atender esses outros perfis, mas temos tempo para isso, porque nossa primeira safra vai demorar uns 5 anos para migrar para essas outras categorias, que são mais complexas de atender,” disse Wilgo. “O médico de consultório tem folha de pagamento, tem relação com as operadoras de saúde. É uma vida mais complicada de gerir.”
Para entrar nos médicos recém-formados, a Caveo tem se aproveitado do ecossistema da Afya, que tem 32 faculdades de medicina e 45% dos médicos do país usando seu sistema de whitebook (que mostra as dosagens de medicamentos e as descrições das doenças).
“Nosso go to market tem sido focado nas faculdades. Temos ido visitar as turmas de último ano de medicina para apresentar nosso produto e nos posicionar como parceiros deles, o que tem funcionado muito bem.”
A ideia de fundar a Caveo veio em 2019, quando Wilgo ainda trabalhava como advogado em Fortaleza.
Ele teve que fazer um trabalho de consultoria contábil para um de seus clientes, quando conversou com vários contadores. “Nessas conversas, eu percebi que havia uma demanda muito forte de médicos por contabilidade desde 2015, quando os hospitais passaram a poder contratar os médicos como PJ,” disse o fundador. “Eu estava querendo fazer uma transição de carreira faz um tempo e vi uma oportunidade de fazer algo nesse nicho, que era mal atendido e que tem um perfil de muita alta renda.”
Nessa época, Wilgo se mudou para São Paulo e se matriculou na Link School of Business, focada em empreendedorismo.
Lá, conheceu seu co-fundador, Lorenço Boettcher, e decidiu tirar a ideia do papel.
A rodada de hoje também teve a participação dos fundos ONEVC, Zenda Ventures e Norte Ventures, que tem entre seus investidores fundadores do iFood, Gympass e Brex.