A Carbonext, uma startup de soluções climáticas que atua no mercado de créditos de carbono, acaba de comprar 40% da Mangue Tech – uma climate tech criada por ex-executivos da Linx – para ampliar seu escopo de atuação.
A operação segue o mesmo modelo usado pela Carbonext na aquisição da NaturAll Carbon, uma empresa anglo-brasileira de projetos de agricultura regenerativa para remoção de carbono: ter uma fatia relevante da operação, mas manter a independência da empresa adquirida.
O dinheiro da operação veio do aporte que a empresa recebeu da Shell em 2022, quando levantou R$ 200 milhões.
Luciano Corrêa da Fonseca, o co-CEO da Carbonext, disse ao Brazil Journal que a Mangue ajuda as empresas a quantificar o quanto emitem de Co2.
Em seguida, a Carbonext entra com as soluções de compensação.
A Mangue Tech nasceu em 2021, quando um time de ex-executivos da Linx se juntou para criar uma plataforma SaaS para democratizar o acesso ao inventário de carbono.
A lógica da Mangue Tech foi que não dá para reduzir o que não se mede; por isso, a companhia desenvolveu um software com mais de 50 mil fatores de emissão baseados nos principais padrões internacionais.
“Se a empresa disser que tem 20 aparelhos de ar-condicionado, a plataforma já calcula a pegada de carbono, por exemplo. É acessível mesmo para quem não tem dados superestruturados,” disse Alberto Menache, o cofundador da Mangue Tech e idealizador da plataforma.
A startup utiliza agentes de inteligência artificial para automatizar o processo: eles leem documentos (como contas de luz e faturas logísticas), identificam padrões de consumo e quantificam os dados em emissões de carbono, além de estruturar relatórios auditáveis e preditivos.
“Estamos trocando Word, Excel e PDF por automação e algoritmos,” disse Alberto. “É como a Tesla: o produto não é só o carro, mas também a fábrica.”
A ideia de criar a empresa surgiu quando o filho mais novo de Alberto recebeu como tarefa escolar assistir e comentar um documentário do naturalista David Attenborough.
Na época, o empreendedor acabara de vender a Linx para a Stone e assistiu ao filme junto com o filho. “Fiquei tão impactado que pensei: quero ajudar a deixar um planeta melhor para as próximas gerações,” disse.
Já no ano da fundação, Alberto e Luciano tiveram as primeiras conversas para uma negociação, mas o fundador da Mangue Tech achou que era cedo demais para fechar uma transação – concluída só agora, quatro anos depois.
Com a chegada da Mangue Tech, a Carbonext vai entrar em seu quarto segmento de atuação: o NetZero Solutions. Segundo Luciano, a ideia é oferecer uma solução digital completa para empresas que precisam medir, reduzir e compensar suas emissões.
Além disso, a Carbonext já atua em conservação florestal, agricultura regenerativa (especialmente por meio da NaturAll Carbon) e tem um braço de projetos de reflorestamento em áreas degradadas, que está em fase inicial.
Com a compra da Mangue, a Carbonext pretende automatizar seus próprios inventários, reduzir custos de operação e atender mais empresas – especialmente PMEs, depois da aprovação da Lei 15.042, que criou o mercado de carbono regulado no Brasil.
“Essa obrigatoriedade vai gerar uma demanda enorme – e a gente chega justamente para prestar esse serviço,” disse Luciano.