NOVA YORK – A operação global do Santander começou bem o ano.
A ação já subiu cerca de 35% desde janeiro – levando o banco a ultrapassar o UBS e se tornar o segundo maior da Europa, atrás do HSBC.
O lucro de 2024 superou o consenso e foi recorde, com o retorno sobre ativos tangíveis batendo 16,3% e o banco falando em chegar a 17% este ano.
Apesar disso tudo, Ana Botín, a controladora e presidente-executiva do Santander, se queixa de estar competindo em bases desiguais.
“Um banco com retorno desses nos Estados Unidos tem um múltiplo mais alto que na Europa,” Ana disse hoje numa conferência do banco aqui em Nova York. “Estou disposta a nadar, mas quero nadar como os outros, não com pedras nos bolsos.”
Para a banqueira – a quarta geração da família Botín a comandar o banco fundado em 1857 – a regulação “excessiva” em alguns mercados e sistemas tributários desiguais criam distorções.
E os bancos saem perdendo.
“Na Europa e na América Latina especialmente, existe um sobrecusto que nos penaliza,” disse. “O cost of equity é mais alto nesses locais.”
O mundo precisa de mais investimentos, e os governos devem permitir que isso aconteça. “Temos de ser mais pró-empresas do que somos hoje.”
Em relação aos Estados Unidos, Botín disse acreditar que os governos fazem seu papel ao apoiar suas indústrias, mas o aumento das tarifas pode prejudicar os próprios EUA ao gerar mais inflação e reduzir o consumo, além de provocar uma desaceleração da economia mundial.
Nessa “nova configuração da ordem econômica mundial, que veio para ficar,” sua visão é a de que a América Latina pode ser beneficiada (ou sofrer menos) em termos relativos.
Para ela, a região tem condições de abrir novos mercados via acordos comerciais ou negociações diretas.
No caso do Brasil – o maior mercado do Santander, responsável por cerca de 22% de sua receita global – sua visão é a de que “o trend é positivo”.
“Haverá volatilidade, mas os pontos mais baixos são sempre mais altos do que antes.”