Num relatório de 85 páginas, o BTG reiterou hoje sua recomendação de compra para a Embraer, com preço-alvo de US$ 19, um upside de 48% em relação ao preço de tela.
O banco revisitou sua tese sobre a empresa, ajustando suas estimativas de resultados e o valuation.
“Achamos um bom call de valor (valuation barato em relação aos peers globais), e sem considerar nenhuma oportunidade de longo prazo, como os segmentos de defesa, cibersegurança e a Eve,” escreveram os analistas.
A Embraer passou por disrupções relevantes desde 2018, incluindo o lançamento de um novo produto na aviação comercial (o E2), uma tentativa mal-sucedida de fusão com a Boeing e, é claro, a maior crise da história no setor de aviação (a covid).
Agora, a empresa está gradualmente voltando à normalidade, “aumentando as entregas de aeronaves comerciais e gerando caixa,” escreveram os analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia. “Esse longo processo de ‘redenção’ inclui alguns novos (e ainda não completamente compreendidos) produtos, como os eVTOLs.”
Nas contas do BTG, a Embraer negocia a 7,4x seu EBITDA estimado para este ano, em comparação a um múltiplo médio de 11x dos peers globais.
O banco disse ainda que vê opcionalidades que podem adicionar valor à tese.
Para os analistas, o segmento de defesa poderia adicionar US$ 0,90/ADR; a Eve poderia adicionar US$ 2,4/ADR, “assumindo um valuation altamente conservador”; o segmento de cibersegurança (onde a Embraer opera pela Tempest), outros US$ 0,1/ADR; e o processo de arbitragem com a Boeing outros US$ 1,4/ADR.
“Usando um valuation conservador para a Eve, o valuation da Embraer já cairia para 4,9x o EBITDA de 2023,” diz o relatório.
Segundo os analistas, considerando todas essas opcionalidades o EV total desses outros negócios seria de US$ 901 milhões (ou US$ 4,9/ADR), o que representa 38% do market cap atual da Embraer.
Apesar dos elogios à tese, o BTG cortou suas estimativas para os resultados na revisão.
O banco reduziu sua projeção para o EBITDA de 2023 e 2024 em 11% e 6%, respectivamente, e o lucro em 29% e 19% — “refletindo o ritmo de entregas mais lento que o esperado por conta de gargalos na cadeia de suprimentos enfrentados ano passado, que devem persistir este ano, ainda que numa magnitude menor.”