O BTG Pactual reportou receita e lucro recordes, com a pujança de sua franquia de clientes compensando uma queda na receita de sales and trading num trimestre em que o banco tomou menos risco.
O banco liderado por André Esteves lucrou R$ 2,7 bilhões, um crescimento de 19% ano contra ano, enquanto a receita cresceu no mesmo ritmo, para R$ 5,7 bilhões.
O retorno sobre o patrimônio ajustado ficou em 23,2%.
O banco manteve a consistência na captação de recursos, atraindo R$ 59 bilhões de net new money no trimestre (contra R$ 61 bi no tri anterior). Essa performance trouxe o acumulado dos últimos 12 meses para R$ 231 bi – apesar de um ambiente em que a indústria de multimercados e fundos de ações sofre saques consistentes há pelo menos um ano e meio.
Do net new money total, a linha de wealth management & consumer banking atraiu R$ 31,3 bilhões, seu 19° trimestre consecutivo de crescimento. Já o asset management atraiu R$ 28 bi de dinheiro novo.
Com isso, os ativos sob custódia do banco atingiram R$ 1,5 trilhão – com T – um crescimento de 25% ano contra ano.
Apesar de um mercado de equities moribundo, a franquia de investment banking faturou R$ 590 milhões e cresceu 93% contra o trimestre anterior. Foi seu terceiro melhor tri da história, dominado pela área de debt capital markets (DCM), que teve um trimestre recorde. O M&A continua tímido; e o ECM, respirando por aparelhos.
A atividade de sales and trading sofreu uma queda de 23% em relação ao trimestre anterior, para R$ 1,45 bi, mas ainda cresce 20% no acumulado do ano.
A receita com crédito corporativo cresceu 41% ano contra ano e 3,5% em relação ao trimestre anterior, com o BTG voltando a abrir a torneira para as PMEs, que havia sido fechada logo depois da crise da Americanas, no primeiro tri.
No final do trimestre, a carteira de crédito junto a grandes empresas totalizava R$ 143 bilhões, enquanto a carteira de PMEs somava R$ 17,7 bi, um crescimento de quase 19% em relação ao trimestre anterior.
O índice de Basileia do banco subiu 200 basis points para 17,4%.
O BTG atribuiu o aumento a um mix de redução do value at risk (VaR), que caiu de 46 bps para 33 bps entre um trimestre e outro; uma mudança regulatória que entrou em vigor em 1° de julho que reduziu o risco consumido pela exposição ao crédito corporativo; e uma emissão de dívida subordinada que fortaleceu o balanço em R$ 3,5 bilhões.
Esteves tentou tratar os custos como unha: as despesas totais ficaram flat no trimestre, em R$ 2,36 bi – com os salários e benefícios crescendo 1%, despesas administrativas crescendo zero, e o accrual de bônus crescendo 5%. (As despesas com amortização de goodwill caíram 17% e as com PIS/Cofins, 6%.)
Ainda assim, na comparação ano contra ano a despesa cresceu 17%: salários e benefícios subiram 21% – com o headcount crescendo de 6.695 para 7.162 e aumento de salários – despesas administrativas aumentaram 13% e os bônus, 26%.
No fechamento de ontem, o BTG valia R$ 126 bilhões na B3 – negociando a 2,64x o valor patrimonial do final do terceiro tri.
Pelo consenso Bloomberg, o banco negocia a 10 vezes o lucro esperado para 2024.