A Rede D’Or acaba de comprar o Biocor Instituto, um hospital geral de alta complexidade que marca a entrada da companhia em Belo Horizonte depois que aquisições feitas pela Hapvida e Intermédica aumentaram a concorrência no terceiro maior mercado do País.
A D’Or está pagando R$ 382,5 milhões por 51% do Biocor, um múltiplo de cerca de 10,7x EBITDA comparado aos 25x da ação da Rede D’Or na Bolsa.
O hospital deve fazer uma receita de R$ 300 milhões nos próximos 12 meses e um EBITDA de R$ 70 milhões no primeiro ano depois do fechamento da aquisição, já incorporando parte das sinergias, a Rede D’Or disse agora há pouco.
A transação avalia o Biocor em R$ 750 milhões e mantém os médicos Ektor e Erika Vrandecic, filhos do fundador, como sócios ativos na operação. A Rede D’Or também pretende usar o hospital como plataforma para explorar outras aquisições no mercado mineiro.
O Biocor tem 350 leitos, mas o novo controlador pretende aproveitar o potencial construtivo do complexo e adicionar mais 150-200 leitos nos próximos três anos — levando para Belo Horizonte a bandeira Star, sua marca premium.
O Biocor trabalha com quase todas as operadoras de saúde e tem uma relação histórica com a Unimed-BH — ao contrário de seu arquirrival, a Rede Mater Dei.
Com a venda do hospital Vera Cruz para a Hapvida e do Lifecenter para a GNDI — ambas no final do ano passado — esses hospitais devem sair da rede da Unimed-BH, aumentando o valor estratégico do Biocor.
Só no mês passado, mais de 60 cirurgiões deixaram aqueles dois hospitais e foram incorporados ao corpo clínico do Biocor.
Boliviano de origem croata que veio ao Brasil com 15 anos, Mario Vrandecic fundou o Biocor em Nova Lima em 1985, em parte com os recursos que ganhou patenteando uma nova válvula cardíaca.
Desde cedo, o Biocor investiu na qualidade — foi o primeiro hospital latinoamericano a ganhar o ISO 9000 — e na educação continuada.
Vrandecic morreu em 2019, aos 75 anos, mas seu legado continua.
A família não organizou uma concorrência: a escolha do sócio passou por paralelos entre a vida profissional de Vrandecic e de Jorge Moll, o fundador da Rede D’Or. Ambos estudaram nos EUA e trouxeram ‘best practices’ e inovações para o Brasil.
Nem o Biocor nem a Rede D’Or usaram assessores financeiros na transação.