A Hapvida comprou o Grupo Promed e a rede de hospitais Vera Cruz, fazendo sua entrada no mercado de Belo Horizonte com 11% de market share.
 
A aquisição — que inclui três operadoras de saúde, três hospitais com 255 leitos, um hospital-dia e sete clínicas de atendimento primário — dá à Hapvida uma carteira combinada de cerca de 270 mil beneficiários, com cerca de 80% dos usuários na região metropolitana de BH, o terceiro mercado de planos de saúde do País, com 2 milhões de vidas.
 
O valor da transação é de R$ 1,5 bilhão:  a Hapvida está pagando um terço em dinheiro, um terço em ações (8,3 milhões a R$ 60) e assumindo R$ 500 milhões em dívidas.
 
Após as sinergias, a companhia calcula que está pagando um múltiplo EV/EBITDA de 13,2x, comparado aos 25x a que negocia na Bolsa.
 
Mais de 95% dos beneficiários da Promed estão em planos coletivos, sugerindo espaço para a Hapvida começar a explorar os planos individuais junto a essa base.  As carteiras têm um ticket médio consolidado de cerca de R$ 145, abaixo dos planos da Hapvida (R$ 180), e a sinistralidade hoje é de 84% (com uma verticalização de apenas 5%).
 
A aquisição coloca a Hapvida em concorrência com o líder local, a Unimed-BH — a maior e mais eficiente Unimed do País — e com a Intermédica, que comprou o Grupo MediSanitas por R$ 1 bilhão há duas semanas.  A presença geográfica do MediSanitas, no entanto, é pulverizada pelo estado, com clientes em cidades tão distintas quanto Uberlândia, Patos de Minas, Montes Claros e Belo Horizonte, que concentra 35% da carteira.
 
O vendedor da Promed, Henrique Vorcaro, comprara a Promed e os hospitais recentemente, depois de anos de má performance, e enxergou a oportunidade de revender o ativo para uma grande operadora nacional.  As operadoras e os hospitais, que hoje operam de forma independente, serão integrdos pela Hapvida, replicando seu modelo de negócios verticalizado.
 
“BH tem tudo para virar uma praça como as que temos no Nordeste — Fortaleza, Recife — com uma grande infraestrutura de atendimento e escala grande para gerar boas margens,” disse o CEO Jorge Pinheiro.  Pinheiro pediu que o Brazil Journal registrasse o luto da Hapvida com a passagem de Roberto Mendes, que morreu ontem após lutar contra o câncer. “Nem quando estava na UTI, com acessos venosos, ele parou de fazer as reuniões dos comitês que coordenava.  Ele não se entregou nunca, é um exemplo para todos nós.”
 
A Hapvida também anunciou que arrendou por 20 anos o Hospital Maternidade Sinhá Junqueira, a maternidade mais tradicional de Ribeirão Preto — complementando uma lacuna que existia no Grupo São Francisco, que a Hapvida comprou ano passado. A operação verticaliza em 100% a pediatria e a maternidade da Hapvida na região.
A maternidade tem mais de 100 leitos e a Hapvida vai investir cerca de  R$ 16 milhões nos próximos anos para modernizar e ampliar a capacidade existente e comprar equipamentos e estoques. 
 
Num terceiro anúncio esta manhã, a Hapvida disse que está comprando a carteira de 18 mil vidas da Samedh, uma operadora de Goiânia, aumentando sua pegada no Centro-Oeste em quase 10%. A Hapvida já tem 220 mil vidas em Goiás através do Grupo America e São Francisco. 
 
A carteira da Samedh é formada majoritariamente por planos coletivos corporativos, e o valor da aquisição foi fixado em R$ 20 milhões mas pode ser ajustado dependendo do recebimento médio mensal da carteira até o closing.
 
A Hapvida não usou assessores financeiros na compra da Promed, mas usou a assessoria jurídica do Madrona Advogados.
 
O Banco Máxima, que pertence à família vendedora, assessorou a Promed.