A Fitch acaba de mudar a perspectiva da nota de crédito do Brasil de “estável” para “negativa”, preparando o caminho para um potencial downgrade do País.
A Fitch — uma das três grandes agências de classificação de risco do mundo — disse que a revisão reflete a deterioração das condições econômicas e fiscais no País em meio à pandemia, mas nota que a crise está sendo agravada pela incerteza política, “incluindo tensões entre o Executivo e o Congresso.”
“O ambiente político é marcado por uma relação volátil entre o Executivo e o Congresso, que tem sido ainda mais contaminada nas últimas semanas pela renúncia do Ministro da Justiça, que liderou a Lava Jato, com acusações de interferência do Presidente Bolsonaro na Polícia Federal. Enquanto o Governo e o Congresso trabalharam juntos para aprovar a reforma da Previdência em 2019 e as medidas emergenciais recentes para sustentar a economia, fricções periódicas reduzem a previsibilidade dos resultados políticos e econômicos e prejudicam a perspectiva de reformas pós-pandemia.”
Por enquanto, a agência afirmou o rating de longo prazo do Brasil em BB-. Um eventual downgrade do crédito brasileiro aumentará o custo de captação das empresas e do próprio Estado brasileiro nos mercados internacionais.
A Fitch estima que o PIB brasileiro deve contrair 4% este ano e crescer 3% em 2021 — estimativas relativamente otimistas quando se considera a média do mercado.
A agência assume um déficit nominal de 13% no setor público para este ano.
