A Comerc, uma holding de negócios no setor de energia, acaba de lançar seu IPO com 87% da oferta garantida, no piso da faixa, por oito gestoras de investimentos.
Os âncoras da oferta e suas respectivas ordens são Atmos Capital (R$ 300m); Truxt (R$ 190m); Núcleo, Verde e Brasil Capital (R$ 150m cada); Itaú Asset e Neo Investimentos (com tíquetes de R$ 100m); e Vinci Partners (R$ 83m).
Juntas, as gestoras estão se comprometendo a comprar R$ 1,223 bi de uma oferta avaliada em R$ 1,4 bi no piso da faixa que vai de R$ 16,87 a R$ 18,56.
A empresa está sendo avaliada em R$ 4,1 bilhões pre-money.
O EBITDA terá um ramp-up agressivo conforme novos projetos vão entrando em operação: de R$ 171 milhões este ano para R$ 462 milhões em 2022 e R$ 933 milhões em 2023.
Segundo o prospecto, os âncoras estão recebendo uma opção para, daqui a 18 meses, comprar 60% do valor comprometido na ancoragem no preço do IPO ajustado pelo CDI. Para exercer a opção, a gestora terá que permanecer comprada por 18 meses.
Fundada por Cristopher Vlavianos, o Kiko, como um negócio de gestão de energia, a Comerc passou a ter negócios em trading, gestão de gás, eficiência energética, geração distribuída, autoprodução, comercialização varejista e internet das coisas. A companhia hoje faz a gestão de contratos que representam 16% do mercado livre.
Mas assim que o IPO for realizado, a Comerc vai se fundir com outros ativos de energia controlados pela Perfin Investimentos, a gestora de Ralph Rosenberg que entrou pesado na economia real investindo em projetos de transmissão da Alupar, e hoje tem negócios também em geração centralizada e geração distribuída.
Com a fusão, a Comerc também herdará participação em três projetos da Casa dos Ventos, a maior desenvolvedora de projetos eólicos do País.
Em março, depois que a gestora já havia feito 4 JVs com negócios diferentes da Comerc, a Perfin comprou 20% da holding. A fusão entre os ativos da Perfin e a Comerc é contingente à conclusão do bookbuilding.
Se a fusão fosse concretizada hoje, a Perfin teria 70% da Comerc — mas a participação será diluída com a entrada de caixa no IPO.
Hoje, na estimativa de um gestor, cerca de 40% do valuation da Comerc vem de seu negócio de geração distribuída; outros 35% vem da chamada geração centralizada (solar e eólica); e 25% serviços e trading.
O prospecto também mostra que a Atmos conseguiu negociar vantagens adicionais, além das opções concedidas a todos os âncoras.
Se a ação da Comerc em algum momento negociar abaixo do IPO e a Atmos decidir comprar mais ações naqueles níveis, a gestora receberá opções para comprar ainda mais ações, na mesma quantidade e no preço do IPO, naquele prazo final de 18 meses — exercendo, na prática, um papel de agente estabilizador com ‘skin in the game’. Este benefício é limitado a R$ 150 milhões, metade da alocação a que a Atmos está se comprometendo, e obriga a gestora a um lockup de nove meses.
O pricing da oferta está marcado para o dia 8, com o papel abrindo para negociação logo após o feriado do dia 12.
Os coordenadores são Itaú BBA (líder), BTG Pactual, Credit Suisse, XP e Citi.