A Auren Energia – controlada pelo Grupo Votorantim e pelo fundo canadense CPPIB – acaba de anunciar a aquisição da AES Brasil, numa transação que cria a terceira maior geradora de energia do País.

Depois da transação, a Auren terá uma capacidade instalada de 8,8 GW – 2,4x sua capacidade atual. O maior player hoje é a Eletrobras, com 44,7 GW de capacidade, seguida pela Engie Brasil, com 10,7 GW. 

A transação cria uma empresa com 39 ativos operacionais e em construção – entre hidrelétricas, parques solares e eólicos – receita líquida de R$ 9,6 bilhões e um EBITDA ajustado de R$ 3,5 bilhões.

A empresa terá também a maior comercializadora de energia do Brasil, com 4,1 GW médios de energia vendida e um portfólio de 1.500 clientes.

O negócio avaliou a AES Brasil em R$ 11,55 por ação, um prêmio de 18% em relação ao fechamento de hoje. 

A Auren deu três opções aos acionistas da AES Brasil: receber 10% em dinheiro e 90% em ações; 50% em dinheiro e 50% em ações; ou 100% em dinheiro. 

A AES Corporation, que tem 47,3% do capital da AES Brasil, já declarou que vai escolher a opção 3, o que já levará a um desembolso R$ 3,29 bilhões por parte da Auren. 

Os outros grandes acionistas da AES Brasil são o BNDES, com 7% do capital; Luiz Barsi, com 5,1%; e a própria Votorantim, que tem 4,1%. 

A relação de troca da transação ficou em 0,76x, ou seja, pelo preço acordado, cada ação da AES Brasil vale o equivalente a 0,76x ação da Auren. 

A Auren disse que prevê sinergias corporativas da ordem de R$ 1,2 bilhão — ou R$ 120 milhões/ano, incluindo “otimizações na estrutura e despesas de serviços e sistemas” — além de sinergias operacionais e financeiras. 

Dentre as sinergias operacionais, a empresa destacou a “adoção das melhores práticas de planejamento, investimento e operação para recuperar o nível de disponibilidade consolidada dos ativos adquiridos.”

A Auren também disse que a transação acelera a utilização de créditos fiscais da CESP da ordem de R$ 800 milhões, reduzindo sua carga tributária.

Apesar dos méritos, a transação vai aumentar de forma substancial a alavancagem da Auren, que hoje está em 1,8x EBITDA. Incorporando a alavancagem da AES Brasil, que tem R$ 11,7 bilhões em dívida líquida, o equivalente a 5,3x EBITDA, a alavancagem da nova empresa ficará em 4,9x. 

A Auren disse, no entanto, que a nova companhia terá tanta capacidade de geração de caixa que isso vai permitir uma “rápida desalavancagem do negócio.” 

Além da geração de caixa, a Auren disse que a desalavancagem será ajudada pela entrada em operação de 700 MW de novos projetos ainda este ano, e que ela também poderá avaliar a venda de ativos non-core para reduzir o endividamento. 

O objetivo, segundo a empresa, é reduzir a alavancagem para entre 3x e 3,5x. 

Os maiores acionistas da Auren são a Votorantim e o CPPIB, com 37% e 32% do capital, respectivamente. A companhia fechou o dia valendo R$ 12 bi na Bolsa.