Ser um líder em maturidade digital no Brasil significa estar muito próximo das principais companhias globais referência no assunto.

Aqui, 10% das empresas brasileiras pesquisadas foram consideradas muito adiantadas, batendo os 66 pontos em maturidade digital numa escala de 0 a 100.

Essa é uma das descobertas surpreendentes de um estudo inédito, realizado pela McKinsey com 125 companhias atuantes no País e analisando nove setores da economia.

Alguns se destacaram, como o de serviços financeiros, que liderou o estudo com uma média de 46 pontos.

Já o varejo ficou em segundo lugar com 45 pontos. O destaque foi para a grande capacidade do setor em analisar e cruzar dados de diferentes fontes sobre seus clientes, como informações de compra, atendimento e comportamento de navegação. A medalha de bronze vai para o setor de telecomunicações, com 43 pontos.

O pelotão seguinte é composto por setores como Indústria Avançada, Transportes e Infraestrutura, Bens de Consumo e Materiais Básicos. Há ainda bastante espaço para aumentar a digitalização, uma vez que as notas ficam entre 30 e 37 pontos.

No caso do marketing, por exemplo, vimos que muitas empresas já dedicam recursos significativos às mídias digitais. Poucas, porém, fazem uma abordagem analítica mais ampla do uso de dados, conseguindo criar campanhas personalizadas e mensurar com eficácia os resultados dos seus investimentos. Não basta estar online se a empresa ainda toma decisões e mede resultados de forma analógica.

Isso é preocupante, porque a pesquisa mostrou que as empresas líderes tiveram crescimento de EBITDA três vezes maior nos últimos três anos quando comparadas com seus pares menos digitalizados.

Ao mesmo tempo, à medida que as empresas aumentam sua vantagem no digital, fica mais difícil alcançá-las para quem está começando. Isso acontece porque há uma curva significativa de aprendizado do processo de digitalização que acaba reforçando o conceito de que o “vencedor leva tudo”.

O DESAFIO DA CULTURA

As empresas enfrentam um desafio comum quanto à cultura. O digital precisa ser uma parte indistinguível do negócio, e para isso é preciso construir uma nova mentalidade que incentive testar, aprender e avançar com entregas de valor em ciclos curtos de tempo.

Além disso, encontrar pessoas preparadas para lidar com os assuntos digitais não é tarefa simples. Exige novas formas de atrair e reter talentos, incentivando as pessoas a se envolver mais nessas iniciativas.

Estímulos como a bonificação financeira também são fundamentais, mas não são tudo. Uma aspiração e propósito digitais — acompanhados por indicadores específicos e comunicados de maneira ampla — tornam muito mais fácil para as pessoas se engajar em tais projetos.

Com a retomada da economia brasileira, acreditamos que haverá ainda mais espaço para aumentar o impacto do digital. Nos últimos três anos, as empresas se concentraram na digitalização para aumentar sua eficiência, em razão do contexto econômico do País. Agora, é a hora de alavancar o digital e analytics como catalisadores do crescimento.

Yran Dias é sócio sênior e Paula Castilho é sócia da McKinsey.

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