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A adoção de tecnologias originalmente desenvolvidas no ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi) deixou de ser um experimento e está passando a integrar, de forma estruturada e regulada, o mercado de capitais brasileiro.
Para quem não conhece, o DeFi é um conjunto de serviços financeiros baseados em blockchain, que funcionam sem intermediários tradicionais, como bancos ou corretoras
Um dos principais vetores desse movimento é o Token de Investimento em Direitos Creditórios (TIDC), protocolo proprietário da Liqi – uma empresa de infraestrutura blockchain para o mercado de capitais regulado – que vem sendo utilizado por importantes instituições financeiras tradicionais para estruturar e gerenciar operações de crédito com maior eficiência, transparência e automação.
Nesse contexto, a Liqi vem se consolidando como uma das principais infraestruturas blockchain aplicadas ao mercado de capitais regulado no Brasil, segundo Daniel Coquieri, o CEO da companhia.
Apenas no último trimestre, a companhia alcançou a marca de US$ 100 milhões emitidos na rede XDC Network, uma blockchain projetada especialmente para aplicações empresariais e financeiras.
Esse resultado foi impulsionado por quatro grandes operações institucionais. No acumulado do ano, o volume de ativos estruturados e tokenizados com apoio do TIDC se aproxima de R$ 1 bilhão, sinalizando uma adoção em escala por parte do mercado tradicional.
O avanço não se limita ao volume financeiro, segundo o CEO.
As operações recentes envolveram instituições financeiras e gestoras de grande porte, como Banco Itaú BBA, Banco BV, Banco ABC e a gestora Milenio.
Para Coquieri, isso evidencia que a tecnologia blockchain já deixou de ser periférica e passou a integrar o core operacional de estruturas tradicionais de crédito, securitização e gestão de recebíveis.
A lógica por trás do TIDC é inspirada nos mesmos princípios que tornaram protocolos DeFi, como AAVE, amplamente utilizados no exterior. Entre eles estão a automação via smart contracts, transparência operacional, rastreabilidade de ativos e redução de fricções.
Segundo o CEO, a diferença no caso brasileiro está na adaptação desses fundamentos a um ambiente totalmente regulado, compatível com as exigências da CVM, da legislação de securitização e das práticas do mercado de capitais.
Na prática, o protocolo TIDC tem capacidade de processar altos volumes de operação com consistência. Sendo um aliado de gestores e estruturas de capital com recebíveis pulverizados (CCBs, INSS, FGTS, Consignados, etc.) que precisam saber de forma rápida o resultado e a posição da estrutura.
As estruturas de TIDC da Liqi processam carteiras com mais de 10 milhões de recebíveis diariamente, garantindo que todos visualizem no dia indicadores e movimentação financeira, evitando que problemas de inadimplência, liquidação e aquisição sejam percebidos apenas no final do mês.
O resultado, segundo Coquieri, é uma infraestrutura que combina a robustez do arcabouço regulatório tradicional com a eficiência tecnológica dos sistemas descentralizados.
O CEO também diz que o volume financeiro é um reflexo direto da maturidade desse modelo.
“O que chama a atenção não é apenas o valor movimentado, mas o fato de que essas operações já fazem parte da rotina de grandes instituições. A tecnologia DeFi está chegando ao mercado tradicional brasileiro por meio do TIDC, de forma silenciosa, regulada e escalável,” disse.
A atuação da Liqi funciona como uma infraestrutura tecnológica, fornecendo a camada blockchain que sustenta essas operações, sem alterar a lógica jurídica ou regulatória que rege o mercado de capitais.
Para o CEO, as operações recentes estruturadas por meio do TIDC reforçam a percepção de que a tokenização e os protocolos inspirados em DeFi já são uma realidade operacional no mercado de capitais brasileiro.
As instituições que trabalham com Liqi utilizam o protocolo como base tecnológica para organizar, automatizar e acompanhar estruturas de crédito e securitização em ambiente totalmente regulado.
Nessas operações, o TIDC atuou como a camada de back-office da estrutura, permitindo a automatização de regras de elegibilidade de ativos, controle de garantias, gestão de fluxos de pagamento e monitoramento contínuo de indicadores como subordinação e covenants.
Segundo o CEO, a utilização de smart contracts e do registro em blockchain trouxe maior transparência, rastreabilidade e eficiência operacional, além de reduzir fricções típicas de processos manuais e sistemas fragmentados.
Para Coquieri, a adoção por diferentes perfis de instituições reforça que o TIDC não atende a um caso isolado: ele vem sendo utilizado como infraestrutura recorrente para escalar operações de crédito, ampliar a capacidade de originação e fortalecer a governança das estruturas, mantendo plena aderência às exigências regulatórias do mercado de capitais brasileiro.
Esse movimento também sinaliza que a blockchain começa a cumprir um papel semelhante ao da internet no sistema financeiro: uma infraestrutura invisível, essencial para eficiência, mas integrada de forma natural às engrenagens do mercado tradicional.
Além disso, diz o CEO, o crescimento do TIDC aponta para uma mudança estrutural na forma como o crédito é organizado, monitorado e distribuído no Brasil.
Ao incorporar tecnologias blockchain de maneira regulada, o mercado avança para um modelo mais eficiente, auditável e integrado, sem abrir mão da segurança jurídica.
Em paralelo a esse avanço operacional, a Liqi se prepara para um novo ciclo de crescimento.
A companhia planeja realizar, ao longo de 2026, uma nova rodada de investimento de aproximadamente US$ 10 milhões, com o objetivo de acelerar a expansão do TIDC, ampliar sua infraestrutura tecnológica e fortalecer sua atuação junto a bancos, gestoras e demais participantes do mercado de capitais.
A rodada ocorre em um momento de validação do modelo, após a consolidação do protocolo em operações de grande porte e em escala institucional.
Para a Liqi, o momento consolida uma tese defendida desde sua fundação: a de que a blockchain não substituiria o mercado tradicional, mas se tornaria sua infraestrutura de base, sustentando novas formas de estruturar, escalar e operar o mercado de capitais brasileiro.






