A Casas Bahia negociou com bancos e conseguiu alongar R$ 1,5 bilhão em dívidas, que venceriam até 2025, para daqui a três anos.

Mais do que um respiro em meio a um momento turbulento do varejo, essa negociação mostra que a companhia está no caminho certo, na visão do head de relações com os investidores do Grupo Casas Bahia, Gabriel Succar.

“O alongamento mostra que o nosso relacionamento com as instituições financeiras é muito bom e que houve um consenso que a companhia está no caminho certo,” disse Succar. “Estamos entregando mais do que se esperava.”

Três fatores mostram esse momento melhor da varejista, segundo o executivo.

O primeiro deles foi a melhoria na estrutura de capital, com o follow-on realizado no ano passado e que fez a companhia levantar R$ 623 milhões — mesmo em um momento em que o mercado não estava tão aberto para novas ofertas de ação e IPOs.

O executivo também vê uma melhora grande na monetização de créditos tributários. A companhia conseguiu monetizar o valor líquido de R$ 1,3 bilhão no ano passado, enquanto esse valor tinha sido próximo de zero em 2022.

Por último, o grupo vem ampliando o seu portfólio de serviços e conseguindo melhores resultados. No quarto trimestre, a receita atrelada aos serviços cresceu 2,5 pontos, para 13,1% do total do faturamento da Casas Bahia, número que deve melhorar em 2024.

“A nossa receita de Ads, por exemplo, já cresceu 70% no ano e já temos centenas de contratos para 2024,” disse Succar.

Apesar de ter conquistado bons resultados, a companhia segue com o plano de reestruturação. Segundo Succar, após a Casas Bahia tomar decisões duras nos últimos anos, o ano de 2024 será o da retomada da rentabilidade.

Em linha com esse plano, a Casas Bahia fez uma varredura das lojas que estavam prejudicando as margens chegou a definir o fechamento de 100 unidades. Porém, após uma série de melhorias operacionais, 45 delas mostraram uma forte reação das vendas e devem permanecer abertas enquanto rentáveis.

Também de olho na recuperação dos resultados, a empresa precisou readequar o quadro de funcionários. Ao longo do ano passado, 8,6 mil posições (cerca de 20% do total) foram reduzidas na empresa.

“Houve uma redução de 42% nos cargos de alta liderança. Então, foi uma decisão em várias áreas e escalões da companhia,” disse Succar. Apenas no quarto trimestre, a Casas Bahia reduziu em R$ 152 milhões os gastos com pessoal.

Além disso, a empresa deixou de operar diretamente em vários segmentos, que não se mostraram rentáveis. Produtos como bebidas, casa e construção, e linha para bebês ficaram de fora do 1P — agora, estão disponíveis somente por meio de parceiros no marketplace.

“Isso traz um fôlego para o caixa, por causa do estoque. O nosso foco agora é apenas em produtos core: queremos ser o maior e melhor varejista especializado em eletrodomésticos e móveis do Brasil,” disse o executivo, e assim, capitalizar na força e reconhecimento das nossas marcas junto aos consumidores.

Succar prevê que em 2025 todas essas iniciativas estarão expressas nos números. Mas, até lá, a empresa já observa melhores resultados.

“A execução vem vindo num ritmo bom e estamos satisfeitos até aqui, mas há ainda muita coisa a ser feita,” disse Succar. “Entramos numa nova fase e devemos mostrar boas notícias gradualmente a cada trimestre.”