O ano de 2024 começa com alguns elementos que demandam uma atenção maior do investidor.

Entre eles estão a questão fiscal, a inflação e o ciclo de juros. Mas não dá para trilhar o novo caminho sem entender o que passou em 2023.

“Uma das coisas que a gente tem muita convicção é a de que o mercado opera em ciclos e que estamos em um momento de inflexão com o fim do ciclo com aumento de juros global,” ressalta o CEO da Bradesco Asset, Bruno Funchal, no Insights, o Podcast do Bradesco.

O ano que passou foi pressionado por eventos econômicos importantes, com destaque para o processo de desinflação no mundo todo. Os bancos centrais se empenharam na luta para trazer a inflação de volta para as metas estabelecidas, resultando em um sucesso relativo.

Mas o desafio persiste.

​O tema fiscal emergiu como um problema, não apenas no Brasil, mas especialmente nos Estados Unidos — o player mais influente do cenário mundial. A pressão fiscal norte-americana teve reflexos na liquidez global, impactando as economias emergentes.

O período de setembro e outubro de 2023 foi marcado por movimentos intensos, trazendo volatilidade aos mercados. No entanto, o final do ano testemunhou uma redução significativa da incerteza. Significativa, mas não definitiva.

“Nos Estados Unidos, só depois das eleições é que a gente pode começar a ter alguma melhoria do fiscal americano. Aqui no Brasil não teremos uma grande crise fiscal, mas também não teremos a solução,” disse Funchal.

​Enquanto 2023 viu taxas de juros elevadas para promover a desinflação, 2024 traz a discussão sobre a redução dessas taxas. O Brasil já iniciou esse movimento, antecipando uma possível tendência global.

O debate sobre quando começar a reduzir os juros no cenário externo será central nas discussões econômicas. Com a expectativa de queda nas taxas de juros, produtos tradicionais para investimentos podem ressurgir, e classes como multimercado e ações podem recuperar destaque.

Outro aspecto importante de 2024 se refere aos avanços da inteligência artificial. Bruno Funchal citou o desenvolvimento da Bradesco Asset de um leitor de atas do Banco Central que permite entender qual a direção que o BC está tomando e de que maneira a autoridade monetária está se posicionando.

O CIO da Bradesco Asset, Philipe Biolchini, complementa explicando que a IA permite agregar e concatenar dados variados, para fazer análises mais complexas de mercado. “Os movimentos que ocorrem de forma sincronizada nos Bancos Centrais e vários outros bancos, que começam a agir de uma mesma forma. A gente consegue juntar todas essas informações com o apoio da inteligência artificial. Dá um diferencial importante e tem sido muito útil para a área de gestão e análise,” disse em sua participação no Insights.

​Sobre a Bolsa, Biolchini espera um crescimento significativo no lucro das small caps, especialmente naquelas que mais sofreram nos últimos anos. “Nossa expectativa para o crescimento dos lucros delas é de 70% de aumento em 2024 e de 25% no ano que vem.” O setor de utilities, que contempla saneamento e energia, também é visto como promissor em um ambiente de taxas de juros mais baixas, segundo o executivo.

​Há também uma ênfase na sofisticação dos produtos estruturados, como o Fiagro e o FIDC, que ganham espaço no mercado brasileiro. “Vejo uma tendência enorme no mercado brasileiro com relação a produtos estruturados,” disse Ricardo Eleuterio, diretor da Bradesco Asset, no podcast. “A nova regulamentação 175 da CVM traz essa novidade em FIDCs para o público em geral.”

​Uma tendência no mundo dos investimentos é a do aumento da customização, adaptando produtos às necessidades específicas dos clientes. “Quando olhamos o mercado americano, notamos que a customização ganhou muito espaço,” diz o diretor.

​O cenário econômico traz desafios, mas informação é a chave para a busca por excelência na adaptação às mudanças do mercado.

Ouça o Podcast do Bradesco. Toda quarta-feira, na sua plataforma de áudio.

Na imagem de destaque: Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset; Juliana Maeda, apresentadora do podcats e gestora de FOFs e soluções de investimento da Bradesco Asset; Ricardo Eleuterio, diretor da Bradesco Asset e Philipe Biolchini, CIO da Bradesco Asset.

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