A elevação dos juros em países desenvolvidos recriou o custo de oportunidade de investir em ativos de risco.

Entre 2008 e 2021, período marcado por baixa inflação, poupadores se defrontaram com a seguinte escolha: investir em títulos de países desenvolvidos com retornos próximos a zero, ou investir em ativos com maior expectativa de retorno, mas um risco também maior. Esses ativos incluem ações de países desenvolvidos e emergentes, ativos reais, títulos corporativos, e títulos de países emergentes.

A elevação dos juros pelos bancos centrais desenvolvidos, no entanto, inverteu essa lógica ao possibilitar que investidores tenham um retorno elevado e alta liquidez. Dada sua relação com os títulos soberanos de mercados desenvolvidos, a renda fixa também se tornou mais atraente.

A alta dos juros está associada a fatores conjunturais e estruturais. Por um lado, estamos próximos do fim do ciclo econômico em que o crescimento elevado pressiona a inflação para acima da meta, forçando os bancos centrais a desacelerar a atividade e a inflação. Porém, há fatores que podem levar os juros de equilíbrio (que determina os juros de títulos de maior maturidade) para um patamar mais elevado do que o nível próximo a zero observado nos últimos 15 anos.

Fatores como a transição da matriz energética fóssil para a “limpa”, a elevação dos gastos militares, e a realocação dos meios de produção a fim de minimizar rupturas das cadeias globais de produção, tendem a aumentar a demanda global por investimentos e poupança, elevando o juro estrutural de países desenvolvidos.

O cenário doméstico conta uma história semelhante. Apesar de o Brasil estar à frente no ciclo monetário e mais próximo de uma redução do juros de curto prazo, o juro estrutural da economia brasileira muito provavelmente será mais elevado do que o visto nos últimos anos, tanto pelo nível de juros estrutural global mais elevado quanto por fatores locais.

O principal fator local é a maior demanda do setor público brasileiro por poupança, o que exigirá uma taxa de retorno elevada para atrair poupadores. A demanda por poupança pública seguirá elevada dada a expectativa de déficits primários nos próximos anos e elevado custo da dívida. O novo arcabouço fiscal estabelece que os gastos públicos continuarão crescendo nos próximos anos, o que implica que a arrecadação de impostos precisará aumentar para a estabilização da dívida no médio prazo.

Dessa forma, os investimentos domésticos em renda fixa continuarão apresentando retorno atrativo em comparação com os investimentos em ativos de maior risco nos próximos anos.

Acreditamos que a gestão ativa em renda fixa tende a ter performance ajustada ao risco superior nos próximos anos. Estamos em um regime em que a economia global apresentará maior volatilidade por alguns motivos.

O primeiro é que o período em que os bancos centrais suprimiam a volatilidade, entre 2008 e 2021, acabou-se. Com a inflação acima da meta e possivelmente persistente, os bancos centrais não podem gerar estímulos monetários quando suas economias desaceleram, exceto se houver risco de instabilidade estabilidade financeira ou de forte deterioração dos empregos.

O segundo é o risco de forte desaceleração da economia global, com alta possibilidade de recessão em países relevantes (nossos modelos apontam 83% de probabilidade de uma recessão nos Estados Unidos nos próximos 12 meses, por exemplo). Historicamente, períodos de excessos de liquidez, com aumento da alavancagem de empresas e famílias – como o que vimos nos últimos anos – seguidos por apertos monetários para combater a inflação tendem a gerar recessões (como visto nas crises nos Estados Unidos de 2001 e 2008 e na crise bancária do Japão de 1991).

O terceiro é a incerteza geopolítica, com a formação de dois polos de influência global (Estados Unidos versus China), o prolongamento da guerra entre Ucrânia e Rússia e o possível conflito entre China e Taiwan.

Nesse ambiente de maior volatilidade da economia e dos ativos, investidores precisam reavaliar constantemente os riscos dos investimentos e as melhores oportunidades.

A gestão ativa de renda fixa não está enraizada nos investidores tradicionais, mais neste cenário esta estratégia propicia a reavaliação constante do cenário econômico e oferece flexibilidade e agilidade aos portfólios, trazendo o benefício de retornos elevados advindo dos juros altos dos ativos de renda fixa. Em agosto de 2022, o Credit Suisse investiu em um time que faz gestão ativa, a gestora Evolution, e que oferece tal estratégia para seus clientes via fundo CS Evolution Fixed Income Strategy.

Grafico Credit Suisse 1

Equipe Credit Suisse Evolution

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