Até recentemente, a Eneva parecia destinada a replicar o modelo de negócios que lhe deu origem: construir novas termelétricas para aproveitar suas vastas reservas de gás. 

Mas a aprovação da nova Lei do Gás mudou o jogo — e está permitindo à companhia explorar novas verticais de crescimento.

Além de continuar sendo uma geradora de energia no modelo R2W (reservoir-to-wire), a Eneva está explorando outras formas de monetizar sua maior vantagem competitiva: o acesso à molécula de gás. 

Como a nova lei permite aos produtores vender diretamente ao consumidor final, a companhia acaba de criar uma diretoria responsável pela prospecção de novos clientes e comercialização de gás. 

A nova área é liderada por Marcelo Cruz, um executivo que passou 14 anos na área de gás da Petrobras e, mais recentemente, foi o diretor comercial de B2B da BR Distribuidora.

“Além de vender energia para o grid, vamos ter que desenvolver também um portfólio de clientes. Estamos criando essas relações comerciais,” diz Marcelo, que começou na companhia em maio. 

O CEO Pedro Zinner diz que a Eneva agora se vê como “uma empresa de soluções de energia,” podendo vender a molécula de gás para clientes industriais ou fornecer energia elétrica. 

Num momento em que diversas empresas tentam monetizar o gás do pré-sal — trazendo a commodity do mar para a terra — a Eneva vai fazer o caminho oposto. 

Com a compra de novos ativos no Amazonas, abrem-se várias possibilidades para a Eneva: fornecer gás ou energia para indústrias ou para os sistemas isolados no interior, ou levar o gás do interior do Brasil para o litoral, onde mora a maior parte da população e onde a demanda está mais concentrada. 

O custo do gás associado aos campos da Eneva é outra vantagem competitiva: enquanto o gás associado ao pré-sal custa em torno de US$ 5-6 por milhão de BTUs num contrato de longo prazo, o gás associado aos campos onshore da Eneva fica em torno de US$ 1,70-2 por milhão de BTUs.

Com a nova Lei do Gás, a Eneva está se transformando numa nova empresa — com opcionalidades que a companhia está apenas começando a explorar.

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