Segundo os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto pretos e pardos representam 56% da população, a proporção deste grupo entre todos os brasileiros abaixo da linha de pobreza é 71%. Contudo, a fração de brancos é 27%. No que tange à extrema pobreza, os números quase triplicam: 73% são negros e 25%, brancos. De caráter estrutural e sistêmico, o racismo ainda persiste no País, com efeitos que se refletem nos níveis de pobreza discrepantes entre negros e brancos.

Na recente pesquisa Percepções sobre o Racismo no Brasil, da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), dados apontam que seis em cada dez pessoas consideram o Brasil racista, sendo que mais da metade dos brasileiros já presenciou algum ato de racismo.

Combater o racismo exige a participação de múltiplos atores da sociedade — governo, sociedade civil e empresários — algumas empresas definiram a busca pela equidade racial como uma das suas grandes prioridades. É o caso do Grupo Carrefour Brasil, um dos maiores empregadores privados do País, com 140 mil colaboradores e que está entre as empresas com mais pessoas negras na liderança: 40% em posições de gerência ou acima.

A empresa recebe semanalmente 15 milhões de clientes, número maior do que a população de muitas cidades brasileiras, e tem a consciência de sua responsabilidade e potencial de atuar no processo de inclusão  e no combate ao racismo, por meio de uma forte política interna de letramento racial e tolerância zero ao preconceito. A companhia adota uma linha de trabalho dividida em três frentes — treinamento, política de consequências e transparência.

Segundo a vice-presidente de relações institucionais, ESG e comunicação do Grupo Carrefour Brasil, Maria Alicia Lima Peralta, “a jornada pela Equidade Racial é um compromisso que não começou ontem e não terminará amanhã: é um compromisso permanente. Por isso, temos constantemente aprimorado nossas ações de modo a suprir as necessidades atuais do tema,” afirma.

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No quesito treinamento, mais de 140 mil colaboradores do Grupo foram capacitados para combater o racismo e a discriminação, com cursos como o Letramento Racial e o Eu Prático Respeito. Tratam-se de ações aplicadas aos colaboradores nos três primeiros dias de contratação, com reciclagens anuais pontuais.

Para Maria Alicia, as capacitações não visam apenas ensinar como os colaboradores devem se comportar, mas também para que compreendam o que é o racismo. Ela explica: “É preciso que as pessoas entendam a herança histórica do País e sua forte raiz com o racismo para que passemos do nível de compreensão para a conscientização e mudança de comportamentos, que traz resultados no dia-a-dia da sociedade.”

Envolvimento de terceiros — dentro do Grupo Carrefour, existe uma forte preocupação em acompanhar com rigor os fornecedores — como as empresas de segurança terceirizadas que atuam nas áreas externas das lojas, e que devem estar alinhadas com a cultura de diversidade e inclusão da companhia. As cláusulas antirracistas dos contratos de qualquer fornecedor preveem consequências para quem descumpri-las, podendo chegar à aplicação de multa e rescisão dos termos.

No item transparência, a empresa apostou na tecnologia como aliada da segurança e implementou câmeras corporais para os agentes e fiscais. É hoje pioneira no varejo brasileiro na utilização de bodycams, um investimento de R$16 milhões para a aquisição de 4 mil câmeras. A implementação delas, explica a Vice-Presidente, proporciona maior transparência nas interações entre clientes e colaboradores.

Segundo Maria Alicia, o Grupo Carrefour Brasil acredita que, com a transparência trazida pelas câmeras corporais, “é possível avaliar a efetividade dos nossos protocolos, tendo como prioridade o respeito.”

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No campo da educação, uma parceria inovadora com a Universidade Zumbi dos Palmares reflete o compromisso do Grupo em capacitar sua equipe para uma segurança mais humanizada. Ela se dá por meio de um curso superior em Gestão de Segurança Privada, que abrange não apenas aspectos técnicos, mas também disciplinas relacionadas a Direitos Humanos e Relações Étnico-Raciais.

No que diz respeito às oportunidades de crescimento profissional, a vice-presidente reforça que, atualmente, 40% das posições de gerência ou acima são ocupadas por colaboradores negros e ainda destaca que a meta da companhia é atingir a marca de 50% na liderança até 2025.

“Para isso, continuaremos realizando ações que promovam a diversidade racial nas áreas de recrutamento e seleção, aceleração de carreiras, além de impulsionar programas afirmativos de trainee e estágio,” afirma. E conclui: “O Grupo Carrefour Brasil já destinou mais de R$150 milhões para ações de combate ao racismo — o maior investimento privado já realizado no País. Temos consciência de que ainda há muito a ser feito, mas estamos trabalhando com muito foco e vontade para construir uma sociedade mais inclusiva, diversa e sustentável.”

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