Nos anos 80, Sonia Villalobos liderava o time de research do antigo Banco Garantia quando recebeu um fax (!) da Goldman Sachs pedindo informações sobre uma empresa brasileira. 

Os colegas da Goldman pediam dados incluindo um tal de “EBITDA”, que ainda não fazia parte do vocabulário da Faria Lima. 

Sonia viu que precisava encontrar uma forma de aprender esses conceitos novos e mostrar aos clientes que o banco estava antenado com as melhores práticas globais.

A resposta foi a certificação de Chartered Financial Analyst (CFA), que estabelece um novo padrão de excelência para profissionais do mercado financeiro e do mundo corporativo.

O CFA ajudou a definir a carreira de Sonia, que depois do sellside trabalhou para investidores institucionais e hoje está no conselho de empresas como Petrobras, LATAM Airlines, Vivo e Ecorodovias.

Distinção profissional

“Lembro que ter um cartão com aquelas três letrinhas no final já mudava tudo,” diz Sonia. “O investidor do outro lado da mesa já te olhava de um jeito completamente diferente.”

Mas ingressar no restrito clube dos CFAs não foi uma tarefa fácil. Sonia — a primeira latinoamericana a tirar o CFA — passou noites em claro estudando, numa rotina que ela define como “quase um mestrado.”

O Brasil tem apenas 1.200 CFAs, entre eles Roberto Campos, presidente do Banco Central, Thiago Maffra, CEO da XP, e Marcio Appel, fundador da Adam Capital. 

Segundo a CFA Society, a média de estudo para cada um dos três níveis do certificado é de 300 horas. Além de passar nas três provas, para conquistar o título é preciso ter 4.000 horas e três anos de experiência profissional. 

Passaporte global

Na vida de Sonia, o CFA foi muito além de uma placa bonita no currículo. 

“O mais importante pra mim foi o senso de comunidade”, diz ela. “Se você está olhando uma empresa na China, por exemplo, você pode entrar na intranet do CFA e perguntar a qualquer outro CFA do mundo sobre aquela companhia. Você tem à disposição um canal muito importante de networking e aprendizagem.” 

Depois de oito anos no Banco Garantia, Sonia foi trabalhar na Bassini Playfair & Wright, um private equity americano com foco em mercados emergentes. Lá, investiu em empresas como ALL, Coteminas, Método e na TAM, que na época era uma companhia aberta mas totalmente ilíquida. 

Na sequência, passou três e meio como portfolio manager da LarrainVial, uma das maiores gestoras do Chile, antes de decidir dedicar-se apenas à atividade de conselheira.

Sonia também foi conselheira por muitos anos e presidente da CFA Society Brazil, atuando na governança e gestão — e, por um breve período, como professora do curso preparatório para o exame.

“O CFA não é só sobre conhecimento, tem a questão da perseverança e do foco. Como você estuda sozinho, você tem que se esforçar muito para conseguir,” diz.

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