Com geração de caixa robusta e track record sólido de M&As, a Suzano deve voltar a buscar novas avenidas de crescimento inorgânico, afirmaram os analistas do Bradesco BBI em relatório.
A empresa é a top pick do banco no setor de materials, com preço-alvo de R$ 85 — 43,5% de upside em relação ao fechamento de ontem.
O time liderado por Rafael Barcellos projeta que a Suzano irá gerar cerca de R$ 79 bilhões em free cash flow entre 2025 e 2030 — mais do que o seu valor de mercado atual.
Mesmo que a companhia utilize 50% desse capital para remunerar acionistas, ainda teria espaço para M&As.
Na visão do Bradesco, os potenciais alvos da Suzano estariam nos segmentos de celulose, embalagens e papel tissue (usado na fabricação de fraldas, lenços descartáveis e papel higiênico, por exemplo).
“A maioria dos players de embalagens possuem cadeias de produção integradas. Dado seu histórico de inovação, a Suzano poderia explorar opções de fiber-to-fiber, criando eficiências operacionais e economia de custos.”
A Bloomberg noticiou em dezembro de 2024 que a Suzano estudava fazer uma oferta pela Clearwater, terceira maior produtora de caixas de papelão da América do Norte.
“O acordo elevaria a participação da Suzano no setor de papelão dos EUA para cerca de 20%, aumentando seu poder de precificação,” escreveram os analistas.
O banco também vê a Kimberly Clark como potencial alvo, já que a empresa considera vender sua divisão internacional de papel tissue por US$ 4 bilhões.
No entanto, há riscos na operação, segundo o Bradesco, já que ela representaria quase 30% do valor de mercado da Suzano e aumentaria sua alavancagem em 1,1x.
A Paracel é outro negócio que pode entrar na mira da Suzano, de acordo com o Bradesco. A empresa – uma joint venture entre o grupo Zapag, de distribuição de combustíveis, e a Girindius, de pesquisa e desenvolvimento de projetos de celulose – busca parceiros para iniciar operação no Paraguai.
Ao combinar negócios com essa companhia, a Suzano poderia usar sua expertise para desenvolver a fábrica lá, com custos menores.
“A intensidade de capital desse tipo de projetos no Brasil é de cerca de US$ 2.400 por tonelada — tornando M&As abaixo desses níveis oportunidades interessantes,” escreveram os analistas.
O Bradesco entende ainda que a International Paper segue no radar. A Suzano desistiu de comprar a companhia no ano passado em razão do montante necessário para a transação – mas poderia, na visão dos analistas, fazer uma oferta por uma divisão específica, como a de celulose/fluff.
Na call sobre os resultados do quarto trimestre, realizada ontem, o CEO Beto Abreu afirmou que deve manter uma abordagem conservadora em novas aquisições, como fez recentemente.
Em 2024, a Suzano comprou 15% da fabricante de fibras têxteis austríaca Lenzing e duas fábricas de papelão da americana Pactiv.
Abreu também disse que a preferência é por negócios que sejam escaláveis, agreguem valor e se encaixem nos objetivos estratégicos da empresa, sem predileção por nenhuma linha de negócios específica.