BaRBIe had a tough day.

Lutando contra um mercado adverso, a BR Partners precificou seu follow-on com um desconto de 19% em relação ao dia do anúncio da oferta, dando liquidez às famílias que investiram na empresa em sua fundação há 14 anos.

Na transação, que equivale a um re-IPO da companhia, as famílias venderam 16,8 milhões de ações a R$ 12,75, mas decidiram não colocar o hot issue e continuam com 4,8% do capital da companhia.

A transação movimentou R$ 214 milhões – mais do que o papel negociou desde o início do ano – e veio depois de cinco dias de quedas consecutivas da Bolsa. 

“É uma transação pequena num mercado ilíquido, que só saiu por causa da qualidade da companhia, que entregou muito desde o IPO,” disse uma fonte envolvida na oferta. Durante o dia, a NTN-B 2045 voltou a bater 5,85% – um nível crítico que cristaliza o ambiente de risk-off.

O preço final foi um desconto de 7,6% em relação ao fechamento de hoje, de R$ 13,80. “O investidor não olhou o preço de tela, só o fundamento e os múltiplos de mercado,” disse outra fonte na oferta.

O termo ‘re-IPO’ não é um exagero.

Das 27 ordens no livro, 22 eram de novos investidores.

Cerca de 70% da demanda veio de hedge funds, e apenas 30% de fundos long-only – um sinal da fragilidade do mercado. 

Investidores internacionais responderam por 22% da demanda e cerca de 15% da alocação final. 

No preço da oferta, a BR Partners vale R$ 1,35 bilhão e negocia a 1,7x book; entre os bancos listados, é um múltiplo menor apenas que o do BTG (2,2x). O preço/lucro para este ano – de 9,5x – também só é menor que o do BTG (11,6x).

No IPO, em junho de 2021, a ação saiu a R$ 16, ou 4,25x book. De lá para cá, a BR Partners pagou R$ 2,20 de dividendos, o que dá um dividend-adjusted price de R$ 13,80 – coincidentemente, o preço de fechamento de hoje.

Depois do follow-on, o free float do banco de investimentos subiu de 25% para 40,2%. A oferta deve ajudar a aumentar a liquidez do papel, que nos últimos meses tem negociado apenas R$ 1 milhão por dia. 

A transação também tornou efetiva a operação pela qual a partnership de executivos da BR Partners comprou 8% do capital da companhia que pertencia às famílias, elevando sua participação para 55%. 

BTG Pactual (líder), Itaú BBA, Citi e XP coordenaram a oferta.