Um fundo de private equity da BR Partners está comprando uma participação minoritária relevante na PetCamp, uma rede de 31 petshops que nasceu em Campinas e opera no interior de São Paulo.
O fundo — FIP BR Partners Pet — levantou recursos com um pool de investidores, incluindo empresários do varejo, de ecommerce e de marketing. O próprio BR Partners também entrou como cotista minoritário do fundo, investindo capital proprietário.
O investimento pode chegar a R$ 100 milhões e será feito ao longo dos próximos anos: a família Leite, os fundadores da PetCamp, vai chamar o capital conforme a necessidade.
A PetCamp é “o último ativo com escala que pode servir como plataforma de expansão no mercado pet,” Jefferson Kasa, o head de private equity da BR Partners, disse ao Brazil Journal. “E ela tem um oceano azul pra crescer.”
Enquanto nos Estados Unidos os três maiores players do setor (PetSmart, Petco e PetSupplies) respondem por 70% do mercado, no Brasil a Petz, Cobasi e Petlove ainda têm pouco mais de 14% de market share.
Ao mesmo tempo, mais da metade do mercado está nas mãos dos pequenos petshops, que estão perdendo competitividade.
“Como não têm escala na compra, eles não conseguem oferecer um diferencial de preço, e também não têm tecnologia, que hoje em dia é fundamental para a experiência de compra do consumidor,” diz Jefferson. “Com a redução do mercado informal, eles também estão perdendo o diferencial de imposto.”
Do lado da demanda, não precisa nem falar: o mercado cresce a dois dígitos há mais de uma década, os pets já viraram parte da família, e as pessoas estão gastando cada vez mais com rações premium, petiscos com os sabores mais exóticos, acessórios caros, e até itens de higiene e beleza.
A PetCamp tem um mix de produtos que varia de 4 a 8 mil SKUs (dependendo do formato da loja) e “uma experiência que o consumidor do interior só encontrava quando viajava pra capital,” disse o CEO Victor Leite. “As lojas têm ar condicionado, uma iluminação boa, e treinamos os nossos vendedores para atender muito bem, levar a ração pro carro, tirar dúvidas…”
O resultado disso é que todas as lojas são rentáveis, e a empresa diz que sua venda por metro quadrado é cerca de 50% maior que a de grandes players nacionais.
Isso é possível, segundo Victor, pela otimização do espaço das lojas (que tipicamente têm metade do tamanho de uma loja da Petz) e por um mix mais assertivo de produtos, com giro maior.
Outro diferencial é location, location, location.
“Eles posicionam todas as lojas no caminho de volta das pessoas do trabalho pra casa. Isso é muito importante, porque você pode ter uma loja brilhante, linda, mas se ela não estiver numa localização conveniente, o consumidor vai comprar em outra,” disse Jefferson.
Apesar de operar no interior, os pontos de venda da PetCamp já têm interseção com a Petz e a Cobasi. Em Campinas, onde a PetCamp tem 10 lojas, as duas concorrentes têm cinco cada.
Segundo Victor, quando uma loja da Petz ou da Cobasi entra na região onde eles operam, as vendas caem num primeiro momento, pelo efeito de curiosidade do consumidor, mas depois “elas voltam e crescem ainda mais.”
O plano com o investimento é agressivo: a PetCamp quer chegar a 200 lojas em cinco anos, o que a tornaria a terceira maior rede do Brasil. Para efeito de comparação, a Petz tem 153 unidades (e espera chegar a 200 no final do ano que vem); a Cobasi tem 130.
A PetCamp vai focar sua expansão em cidades pequenas e médias com mais de 50 mil habitantes. A tese é dominar as cidades menores, onde Petz e Cobasi não conseguem (ou não querem) entrar.
A PetCamp foi fundada em 1985 pelos pais de Victor, Ciro e Sonia Leite, que abriram uma loja em Campinas para vender apenas ração para cães e gatos, a SóRação.
“Na época, isso foi muito inovador, porque no interior todas as lojas de ração davam destaque para produtos de agropecuária,” disse Victor. “Eles foram os primeiros na região a abrir uma loja só para pets.”
A Value Capital assessorou a família Leite.