Dentre as grandes cidades do mundo, Miami é a que tem o maior risco de sofrer uma bolha imobiliária — depois que a cidade foi reprecificada com a onda de nova-iorquinos e californianos se mudando para a região.
Na ponta oposta está São Paulo, com o menor risco de bolha dentre as 25 cidades analisadas.
As conclusões fazem parte do UBS Global Real Estate Bubble Index, um estudo que o banco suíço publica todo ano analisando o mercado imobiliário nas principais metrópoles globais.
Na edição deste ano houve uma queda ligeira no risco de bolhas imobiliárias, e pelo segundo ano consecutivo. “Numa perspectiva regional, no entanto, a fotografia é mais nuançada: os desequilíbrios se reduziram mais na Europa, mantiveram-se estáveis na Ásia-Pacífico, e aumentaram nos Estados Unidos,” diz o relatório.
O UBS disse ainda que, ajustados pela inflação, os preços dos imóveis estão em média 15% menores do que em meados de 2022, quando as taxas de juros começaram a subir globalmente.
“As cidades que registraram as correções de preços mais acentuadas são aquelas que apresentaram um alto risco de bolha imobiliária em anos anteriores,” disse Claudio Saputelli, o head de real estate responsável pelo estudo.
Os preços reais em Frankfurt, Munique, Estocolmo, Hong Kong e Paris, por exemplo, caíram 20% ou mais em relação ao pico pós-pandemia. Já em Vancouver, Toronto e Amsterdã as quedas foram de cerca de 10%.
As maiores altas foram em Dubai e Miami e em cidades com escassez de habitação, como Sydney e Madri.
No estudo, o UBS divide os riscos de bolha em quatro categorias: alto, quanto o indicador está acima de 1,5 ponto; elevado, de 1 a 1,5; moderado, de 0,5 a 1; e baixo, quando o indicador está abaixo de 0,5.
Na primeira categoria, de risco alto, está apenas Miami (com 1,79), Tokyo (com 1,67) e Zurique (com 1,51). No risco elevado estão Los Angeles, Toronto e Gênova, enquanto no risco moderado aparecem cidades como Amsterdam, Sydney, Vancouver, Dubai e Madrid.
Já no risco baixo, há cidades como São Francisco, Londres, Nova York e Paris. E a última da lista é São Paulo, com um indicador de apenas 0,04 — o mais baixo (de longe) do ranking.
“Depois de um período prolongado de fraqueza, os preços de casas em São Paulo aumentaram ligeiramente pelo segundo ano consecutivo,” diz o relatório. “No entanto, os preços reais continuam mais de 20% abaixo do pico, no final de 2014.”
Para o UBS, alugar continua sendo financeiramente mais atrativo do que comprar em São Paulo — por conta das taxas de juros “muito altas.”
“Como resultado, os aluguéis aumentaram em mais de 10% em termos reais nos últimos quatro trimestres.”
Sobre Miami, o UBS disse que os preços subiram quase 50% em termos reais desde o final de 2019 — 7% apenas nos últimos quatro trimestres.
“O mercado está inundado por pessoas ricas competindo pelas poucas propriedades com vista para o mar. Mas não é apenas o clima quente, a localização e as vantagens tributárias que fazem Miami atrativa para muitos novos moradores dos EUA. Ainda que os preços de Miami estejam 50% acima de onde estavam no final de 2019, o nível de preço absoluto continua significativamente abaixo dos preços de Nova York, Boston, São Francisco e Los Angeles,” disse o banco.
Em Londres, a situação é bem diferente, segundo o banco.
O mercado imobiliário da capital inglesa perdeu um quarto de seu valor desde o pico histórico em 2016. Recentemente, com a queda da inflação e o corte nas taxas de juros, os preços estabilizaram. E com a expectativa de mais cortes à frente, “a demanda por imóveis pode se reacender, especialmente porque os preços dos aluguéis também estão em alta.”
“O céu parece mais nublado, no entanto, no mercado de luxo, onde as incertezas sobre a tributação dos ricos ameaçam reduzir a demanda no segmento,” diz o banco.