O Bank of America acaba de rebaixar sua recomendação para a Viveo de ‘neutro’ para ‘venda’, dizendo que a alta queima de caixa da distribuidora de insumos médicos pode levar a algum “evento de liquidez”, como um aumento de capital. 

A ação da companhia desabou 17% com a notícia, em um dia de alta do Ibovespa.

O analista Fred Mendes disse que a tese da Viveo deteriorou muito, já que a alta alavancagem — de 3,2x EBITDA, considerando M&As — tem impactado os resultados operacionais dadas as margens baixas e a alta necessidade de capital de giro.

O banco disse que o setor de hospitais continua sob pressão e que as distribuidoras são “o elo fraco da cadeia,” o que deve limitar as melhoras no capital de giro este ano.

Nesse cenário, Mendes espera resultados fracos no primeiro tri, o que o fez rebaixar sua estimativa para o lucro de 2024 para R$ 200 milhões. Com a queda de 30% na estimativa para o lucro, o BofA agora está 45% abaixo do consenso Bloomberg

“A concorrência em produtos complexos está aumentando, e os hospitais estão mais seletivos em termos de preços de materiais e medicamentos, colocando pressão em toda a cadeia,” escreveu Mendes. “Isso tem se refletido em margens pressionadas para a Viveo.”

No quarto trimestre, a margem bruta da Viveo caiu 1 ponto percentual na comparação anual, uma compressão que segundo o banco continuará acontecendo este ano. 

“Como resultado, estamos reduzindo nossa estimativa para a margem EBITDA para 6,8% em 2024 e 7% no longo prazo, uma redução de 100 basis points em comparação com nossa estimativa anterior,” escreveu o banco. 

Para Mendes, esse cenário — somado à necessidade de caixa da companhia para pagar dívidas, M&As e dividendos — gera um risco da Viveo continuar queimando caixa e potencialmente precisar de um evento de liquidez, como um aumento de capital. 

“Vemos a companhia com R$ 1 bilhão em caixa depois do primeiro tri, enquanto ela queimou R$ 1,6 bilhão no ano passado, levando a uma alavancagem de 3,2x EBITDA, com os M&As,” escreveu o analista. 

“Do lado positivo, a Viveo tem feito um bom trabalho em temos de emissão de dívidas (debêntures) a um custo baixo de CDI + 1,6%, ainda que no mercado secundário sua dívida já seja precificada a CDI + 4%.”

O BofA disse ainda que, apesar da Viveo estar negociando em linha com seu histórico, a 8x o lucro estimado para este ano, “os riscos operacionais maiores nos levaram a uma visão mais cautelosa do papel.”