Ariel Grunkraut, o vice-presidente de marketing, vendas e tecnologia do BK Brasil, será o próximo CEO da empresa, substituindo Iuri Miranda, que estava há mais de 10 anos no cargo, a companhia disse agora à noite.
A sucessão, que está sendo estruturada há cerca de um ano, vai acontecer até dezembro, quando Iuri deve assumir um assento no conselho de administração da companhia.
Ariel foi um dos sete sócios-fundadores que em 2011 montaram o BK Brasil, um investimento da Vinci Partners em parceria com a Restaurant Brands International, a dona das marcas Burger King e Popeyes Louisiana Kitchen.
A empresa começou com apenas 40 restaurantes e o desafio de construir a marca no Brasil. Hoje, o Burger King é a segunda rede de fast food mais conhecida do País, com 950 restaurantes – 80% lojas próprias e 20% franquias.
Ariel – que liderou a transformação digital do BK nos últimos dois anos – disse que vai aprofundar este processo.
“Nos últimos anos, trabalhamos muito o front: aumentamos as vendas digitais, criamos um programa de fidelidade e investimos muito no CRM. Agora, queremos levar a transformação digital para a companhia inteira para sermos mais ágeis e rentáveis,” Ariel disse ao Brazil Journal.
Ele disse que há grandes oportunidades na digitalização do supply chain e na parte de procurement, por exemplo.
O BK Brasil também quer aproveitar este momento de mercado – em que muitos players menores estão fragilizados pela pandemia – para pisar no acelerador.
A empresa vai abrir este ano um número de restaurantes “substancialmente maior” que as 40 lojas abertas no ano passado, disse Iuri, que levou a empresa ao IPO e enfrentou o trauma da covid. “Queremos voltar a níveis de abertura de lojas mais próximos ao pré-pandemia.”
O Popeyes – que tem apenas 50 lojas no Brasil – vai focar em shoppings fora do eixo Rio-São Paulo, enquanto o Burger King vai priorizar as lojas ‘free standing’, aquelas que ficam nas ruas e que faturam com drive thru, delivery e o consumo interno. De 60% a 65% das aberturas devem ser lojas próprias.
A mudança no comando vem num momento em que o BK Brasil já recuperou o nível de vendas do pré-pandemia. No resultado do primeiro tri, as vendas vieram 20% acima dos números de 2019, enquanto a margem EBITDA ficou ligeiramente abaixo, em 12,6%.
“Saímos da covid com um balanço muito bem estruturado e com capital para fazer essa expansão e ainda investir em tecnologia,” disse Ariel.
O BK Brasil recentemente levantou R$ 350 milhões com uma dívida de cinco anos. A alavancagem da empresa deve fechar o ano entre 1,5x e 2x EBITDA.
Em novembro, a companhia desistiu de uma fusão com a DP Brasil, a master-franqueadora da Domino’s Pizza no País, e outra investida da Vinci. Os acionistas da DP ficariam com 16,4% da empresa combinada. Ao fazer o distrato, os dois lados deixaram a porta aberta para reatar conversas no futuro, prevendo um direito de preferência mútuo em transações estratégicas.
O BK Brasil fechou o dia valendo R$ 2,1 bilhões na Bolsa.