Bill Ackman vai testar se um raio cai duas vezes no mesmo lugar.
Em fevereiro, quando a pandemia começou a se espalhar, o gestor da Pershing Square comprou US$ 27 milhões em credit-default swaps (uma espécie de seguro contra calote de dívidas) ligados a bonds tanto com grau de investimento quanto high-yield.
A aposta rendeu a Ackman um retorno de incríveis 10.000% — transformando os poucos milhões em US$ 2,6 bi, que ele usou para comprar na bacia das almas ações de empresas como Berkshire Hathaway, Hilton, Lowe’s e Starbucks.
Agora, Ackman está fazendo exatamente a mesma aposta, comprando cerca de US$ 8 milhões em CDS (30% da posição original).
“É fascinante como o mesmo hedge está disponível no mesmo preço oito meses depois, como se não tivesse havido um incêndio e na probabilidade de que o mundo vai ficar bem,” Ackman disse ontem num evento do Financial Times.
Ele comprou os CDS na segunda-feira, o mesmo dia em que saíram notícias sobre a efetividade de uma vacina da Pfizer.
No evento, Ackman descreveu a notícia da vacina como “bearish” (indicando um viés de baixa para o mercado), porque levaria os investidores a subestimar a ameaça da pandemia, deixando de usar máscaras e se preocupando menos em pegar ou espalhar a covid, o que tende a aumentar a disseminação do vírus.
Ackman se disse otimista com a economia no longo prazo, mas acha que os próximos meses serão muito difíceis.
A aposta de Ackman em fevereiro fez com que o Pershing Square — que tem cerca de US$ 10 bi sob gestão — tivesse uma das melhores performances da indústria neste ano. Até o fim de outubro o fundo sobe 44%, frente a cerca de 9% do S&P 500. Antes da tacada, o fundo chegou a cair 7% no ano.
Desta vez, diz Ackman, “espero que a gente perca dinheiro.”