A Bemobi acaba de comprar 50,1% da fintech Paytime num movimento para consolidar o negócio de pagamentos – que já cresce 35% ao ano – como o core da companhia.

O valor pela fatia da fintech é de R$ 28,1 milhões – um dos maiores investimentos da história da Bemobi –  e pode chegar a R$ 55,1 milhões considerando o earn-out se forem cumpridas metas de desempenho.

A Bemobi também terá uma opção de compra dos 49,9% restantes da Paytime até 2031. 

Pedro Ripper, o CEO da Bemobi, disse ao Brazil Journal que a aquisição abre um novo caminho de crescimento para a empresa: uma plataforma pronta de payment as a service, com autosserviço e ferramentas de onboarding escaláveis.boopo pedro ripper

Segundo ele, apesar dos bons números que a Bemobi vem apresentando em setores como utilities, educação e telecom, faltava uma solução que fosse verdadeiramente escalável. 

A Paytime nasceu focada em PMEs. Ao atender pequenos e médios negócios, a empresa construiu uma plataforma padronizada, baseada em autosserviço, capaz de operar com centenas de parceiros e milhares de clientes na ponta.

Segundo Ripper, esse crescimento em PMEs exigiu que a Paytime resolvesse problemas que a Bemobi, até então focada em grandes empresas, não precisava enfrentar na mesma escala – como onboarding digital massivo, ferramentas de know your client (KYC) automatizadas, gestão de múltiplos parceiros e estruturas complexas de split de pagamentos.

Agora, em vez de a Bemobi entrar sozinha em cada novo setor, ela passará a se integrar a softwares, fabricantes, distribuidores, franqueadores e bancos digitais, permitindo que esses parceiros embutam o Bemobi Pay em suas próprias soluções.

O modelo é B2B2B: Bemobi, parceiro e cliente final da ponta.

Leonardo Gomes, o cofundador e CEO da Paytime, vai comandar a operação de PaaS, que terá duas frentes: a PME, que continuará sob a marca Paytime; e a enterprise, que será absorvida pela marca Bemobi. 

Apesar da aquisição, a Bemobi afirma que nada muda na política de dividendos. A companhia deve distribuir cerca de R$ 220 milhões em proventos referentes a 2025. Para o ano que vem, já anunciou um payout de 100% do lucro. 

Ripper disse que a Bemobi só conseguiu conciliar uma política agressiva de dividendos com M&As porque o negócio de pagamentos vem crescendo com rentabilidade e forte geração de caixa.

O negócio de pagamentos cresce em média 35% ao ano, comparado a taxas de single ou low double digits das linhas de produto que deram origem à Bemobi, como games e assinaturas digitais.

Como resultado, a área de pagamentos saiu praticamente do zero há quatro anos para representar pouco mais de 60% do negócio atualmente.

“Quando a gente olha para frente, algo entre 80% e 90% do crescimento da Bemobi deve vir dessa linha de negócios de pagamentos,” disse Ripper.

O mercado está gostando do que a Bemobi vem entregando. Nos últimos doze meses, a ação da empresa sobe 65%, ante 31% do Ibovespa.

Em novembro, o BTG Pactual voltou a cobrir a Bemobi – com um buy. O time de analistas do banco definiu a Bemobi uma empresa de tecnologia que conseguiu se reinventar após o IPO, transformando pagamentos e SaaS no principal motor do negócio, sem abrir mão de rentabilidade, geração de caixa e dividendos.

A Bemobi vale R$ 2 bilhões na B3. 

A Vinci Compass foi o assessor financeiro da Bemobi, que também teve a assessoria jurídica do Pinheiro Guimarães Advogados.

A Paytime foi assessorada pela overA Capital.