A Bemobi, que integra soluções de conteúdo e pagamento para setores como telecom e utilities, está comprando a Agenda Edu, uma empresa de software focada em educação, que pertencia ao Grupo Salta (a antiga Eleva Educação).
O negócio ainda aguarda o aval do Cade.
Essa foi a quarta aquisição da Bemobi desde o IPO e a segunda este ano. A empresa não divulgou o valor da transação. Cerca de 120 pessoas serão absorvidas pela Bemobi, que já tem 730 funcionários.
A Agenda Edu é uma plataforma SaaS com 2 milhões de usuários que atende escolas e serve como um aplicativo para melhorar a comunicação entre direção, professores, alunos e seus pais – desde as atividades previstas para os estudantes até informações sobre notas e faltas.
O que atraiu a Bemobi para o negócio é a possibilidade de realizar transações financeiras por meio do aplicativo da Agenda Edu, como o pagamento de boletos de mensalidades.
“A Agenda Edu já estava pronta para iniciar o projeto de pagamentos com uma tecnologia própria, mas a nossa ferramenta está mais avançada, então vamos usá-la,” o CEO Pedro Ripper disse ao Brazil Journal.
Segundo o CEO, as conversas com o Grupo Salta começaram há dois meses, e ajudou o fato da empresa estar em um processo de desinvestimento de áreas non-core. O grupo já vendeu as escolas premium para a rede inglesa Inspired e a operação de material didático para a Vasta.
Apesar de a Agenda Edu atuar na educação básica, a ideia de Ripper é levar o aplicativo também para o ensino superior. Ele enxerga um TPV endereçável de R$ 130 bilhões, somando os dois segmentos.
“Ainda existem muitas ineficiências no sistema privado, assim como muitas escolas e universidades ainda têm sistemas antigos de pagamento. É aí que vamos entrar,” disse Ripper.
O executivo disse que levará para o setor de educação a expertise que a Bemobi adquiriu em utilities, um mercado em que entrou no ano passado.
Ripper disse que, mesmo com o crescimento da vertical de pagamentos – que chegou a R$ 1,7 bilhão no terceiro tri – a Bemobi não vai se aventurar no crédito. A empresa seguirá apenas com os planos de microcrédito, quando antecipa recargas de celular para clientes pré-pagos da operadora.
“Há empresas que fazem isso melhor do que nós,” disse ele. “Mas como temos acesso a muitos clientes que não são bancarizados e temos informações dele, há o interesse em criar uma ‘Serasa dos desbancarizados.’”
A Bemobi vem buscando novas áreas para retomar o crescimento. No terceiro trimestre, a receita líquida da empresa caiu 5% para R$ 141,3 milhões. Nos nove primeiros meses do ano, o recuo é de 3%.
Ripper disse que as aquisições devem seguir, ainda mais porque a Bemobi ainda tem cerca de R$ 530 milhões em caixa. Este ano, a empresa já comprou a 7AZ, startup que atua na solução de pagamentos para os ISPs.
A ação da companhia cai 14% nos últimos 12 meses. A Bemobi vale R$ 1,1 bilhão na Bolsa.