Barcos com foils que “voam” 1,4 metro acima da água, atingindo 100 km/hora. (Os foils geram a diferença de pressão que faz os barcos de 2,4 toneladas flutuarem.)
Saem as velas de poliéster e entram as wings de fibra de carbono – que podem chegar a 29 metros de altura.
Cabe até a pergunta: isto ainda é um barco?
As 12 máquinas voadoras – que devem cruzar um trecho da Baía de Guanabara em maio – são as estrelas do Sail Grand Prix, uma competição fundada há quatro anos por Larry Ellison, o bilionário da Oracle, e que já está sendo chamada de ‘a Fórmula 1 dos mares’.
O homem que está trazendo o espetáculo ao Brasil não poderia ter um CV mais apropriado: Alan Adler, um bicampeão mundial de vela, ganhador de uma prata no Panamericano de 2003 e participante de duas Olimpíadas.
Em sua vida pós-atleta, Adler hoje é o dono da IMM, a empresa de eventos fundada por Eike Batista, adquirida pelo Mubadala, e que Adler finalmente comprou da gestora de Abu Dhabi em fevereiro — depois de ter sido o CEO do negócio por mais de uma década.
Entre outros eventos, a IMM organiza o São Paulo Fashion Week, o Rio Open e o Cirque du Soleil no Brasil.
Adler fechou um contrato com a liga da Sail GP para fazer uma de suas 14 etapas no Rio de Janeiro, colocando a Cidade Maravilhosa na mesma lista de destinos como Dubai, Genebra, São Francisco e Los Angeles.
Cada etapa é dividida em seis corridas de 12 minutos, disputadas num circuito pré-definido no mar. (Os três melhores colocados nas primeiras cinco corridas disputam a final.) Assim como na Fórmula 1, o resultado de cada etapa vai rendendo pontos no ranking para as equipes.
A etapa do Rio fará parte da quinta temporada da liga, que começa no fim de semana que vem em Dubai.
A edição do Rio será em 3 e 4 de maio na Baía da Guanabara, com os barcos saindo do restaurante Assador — onde será montado o Race Stadium — e ziguezagueando entre a Praia de Botafogo e o Aeroporto Santos Dumont. (Uma pequena perna entre o Assador e o Pão de Açúcar deve render fotos épicas).
Adler conheceu a competição na etapa de Saint-Tropez no ano passado. Foi paixão à primeira vista.
“Fiquei extremamente impactado,” ele disse ao Brazil Journal. “É algo muito impressionante de se ver. É uma Fórmula 1 na água, super tecnológica, cheia de inovação e muito dinâmica. Além disso, é um evento super televisivo, que se presta muito para ser transmitido ao vivo.”
O contrato da IMM com a liga funciona no modelo de promotor. Todos os custos são bancados pela liga, que também fica com toda a receita gerada (patrocínios e venda de ingressos, principalmente). Já a IMM recebe uma comissão — fixa e variável — por ajudar na realização da etapa.
Para poder trazer o Sail GP ao Brasil, Adler também teve que investir numa equipe nacional que vai competir na corrida — uma exigência da liga para todos os países que sediam suas etapas.
O cheque não é pequeno.
Só pelo direito de ter uma equipe na liga, o custo é de US$ 50 milhões (R$ 287 milhões no câmbio Lula 3, aquele que toca a vida sem pressa).
Além disso, há um custo adicional de US$ 10 milhões/ano para manter a equipe, incluindo os velejadores, as viagens e o leasing do barco, que pertence à liga.
Para fazer o investimento, o empresário foi atrás de sócios. Atraiu o Mubadala Capital, com quem já tem uma relação de décadas, e o empresário americano Peter Hills, fundador da Apex Partners, além de fazer um investimento na física.
A equipe já garantiu três patrocínios: o BRB, a rede de açaí Oakberry e a OceanPack, a gigante de logística marítima.
Todas as equipes da liga têm mulheres, mas a brasileira será a única liderada por uma: a velejadora Martine Grael, que já ganhou duas medalhas olímpicas de ouro para o Brasil.
“Essa semana foi a primeira vez que fomos com a equipe definitiva velejar na água. O time está muito alinhado,” disse Adler.
A etapa do Rio de Janeiro poderá ser assistida ao vivo por mais de 5 mil pessoas nas arquibancadas da Baía da Guanabara. E ainda deve ter gente em pé assistindo em outros trechos do Aterro.
O evento terá ainda um Adrenaline Lounge perto da ‘pista’ que vai receber apenas 500 convidados da organização; a disputa pelos ingressos deve fazer jus ao nome do camarote.
Quem ficar de fora ainda pode comprar ingressos para a área de hospitalidade, que vai custar cerca de R$ 800 e tem capacidade para 1.500 pessoas.