Duas das maiores empresas de telecom do mundo, a Vodafone e a AT&T estão monitorando de perto as eleições para decidir se entram no Brasil ano que vem.
A aposta no Brasil, que dependerá do Governo eleito daqui a 18 dias, aproveitará o fato de que duas das maiores empresas do setor estão prontas para uma mudança societária: a Oi, que carrega uma dívida muito grande, a a TIM, cujo controlador já sinalizou que poderia vender a empresa, dependendo do tamanho do cheque.
A AT&T já tem, indiretamente, uma presença no Brasil. Em maio deste ano, a operadora norte-americana pagou 48,5 bilhões de dólares para comprar a DirecTV, que tem 18 milhões de assinantes na América Latina e é dona da Sky Brasil.
Se comprasse a Oi, por exemplo, a AT&T obteria sinergias integrando os pacotes da SKY ao celular e à banda larga da Oi. A Oi, cujo CEO renunciou ontem à noite, vale cerca de 15 bilhões de reais na Bolsa.
Tanto a Vodafone quanto a AT&T poderiam ainda comprar a TIM. A Telecom Italia sinalizou recentemente que estaria disposta a vender sua participação na TIM por 13 bilhões de euros.
A Vodafone tem se inteirado do mercado brasileiro há pelo menos um ano.
O Brasil tem hoje quatro operadoras de telefonia celular: Oi, TIM, Vivo e Claro. O sonho das operadoras é melhorar suas margens reduzindo o número de concorrentes de quatro para três. Há várias formas como isso pode ser feito, mas executivos do setor trabalham com duas hipóteses básicas.
Numa, considerada hoje a mais provável, a Oi se fundiria com a TIM Brasil. Como a TIM quase não tem dívida, a fusão com a Oi poderia parir uma empresa com um balanço muito saudável do que a Oi tem hoje. Na outra hipótese, o Banco BTG Pactual compraria a TIM Brasil e em seguida “fatiaria” a empresa, vendendo suas partes para os outros três concorrentes.
Em Brasilia, tanto os técnicos da Anatel quanto o CADE preferem uma solução que envolva um novo entrante no setor.
Nos últimos meses, as empresas do setor têm promovido a narrativa da consolidação. Como tanto a fusão Oi-TIM quanto o fatiamento da TIM teriam imensas consequências regulatórias e de concentração de mercado, as empresas estão tentando aproveitar o clima de fim de governo para aprovar uma operação que, em outras circunstâncias, muito provavelmente não seria aprovada.