Destruição criativa que nada. Quando se trata de combater o vírus, a nova e a velha economia andam de mãos dadas.

A Nanox, uma startup de nanotecnologia que desenvolve materiais para a indústria, e a Elka, a tradicional fabricante de brinquedos, se uniram para fabricar um novo modelo de máscara reutilizável que promete proteger mais que as tradicionais. 

O produto foi desenvolvido com base em modelos de máscaras que o Massachusetts General Hospital, o hospital de referência em Boston, disponibilizou para impressão 3D. 

“Pegamos esses modelos e em cima deles construímos um produto inédito no mercado,” Gustavo Simões, o CEO da Nanox, disse ao Brazil Journal. 

Batizada de Oto, a máscara é feita de plástico e contém dois respiradores com filtros descartáveis nas laterais. (Depois do uso, Simões diz que basta lavar a máscara com água e sabão neutro antes de usar novamente.) 

Mas o grande diferencial é que a Nanox aplicou nas máscaras o NanoxClean, um antibacteriano desenvolvido pela empresa que elimina todos os fungos e bactérias do material. 

O NanoxClean aumenta a proteção para quem está usando, já que a presença de bactérias e fungos facilita a proliferação do coronavírus.

A Nanox tem entre seus investidores a Crescera (antiga Bozano Investimentos) e a Jardim Botânico, além de ter recebido subvenções decisivas de agências de fomento como a Fapesp e Finep.

O investimento das duas empresas vem num momento em que faltam máscaras em alguns hospitais na linha de frente do combate ao vírus. Há relatos de que médicos e profissionais da saúde têm sido obrigados a reutilizar as máscaras tradicionais, que não são reutilizáveis e deveriam ser jogadas fora depois de cada turno.

As máscaras da Nanox começarão a ser produzidas a partir de 15 de maio na fábrica da Elka, mais conhecida por seus brinquedos para crianças de até três anos — e que viu sua demanda despencar com a crise.  (O mundo não está pra brincadeira…)

No primeiro mês, as duas empresas esperam fabricar 200 mil máscaras, que serão vendidas principalmente para hospitais e instituições de saúde. No segundo mês, elas já esperam produzir 600 mil. O preço será de R$ 22 cada, mais R$ 0,5 por filtro.

Com sua fábrica operando a 20% da capacidade, a Elka começou a buscar algum produto em alta demanda e que pudesse ser produzido sem grandes adaptações na estrutura. “Estávamos pensando em várias possibilidades quando, por coincidência, fomos procurados pela Nanox com a ideia das máscaras,” diz Charles Kapaz, o CEO e dono da empresa fundada há 65 anos por seu pai.

Para a Elka, a produção das máscaras não deve ser algo temporário. Kapaz quer entrar no segmento de insumos médicos e produzir, por exemplo, óculos de proteção, que usariam a mesma tecnologia das máscaras.