A Pinacoteca de São Paulo é uma das poucas instituições nacionais que continuamente adquire obras e atualiza seu acervo. Com recursos provenientes da doação de mais de 100 pessoas em seu programa de Patronos, e com base em escolhas da curadoria do museu, a Pinacoteca acaba de anunciar suas aquisições deste ano.

O curador, Jochen Volz, tem buscado abrir espaço para artistas jovens promissores, de diferentes contextos e regiões do Brasil, ou artistas negligenciados pela história, que não tiveram o devido reconhecimento.

As 16 obras adquiridas este ano trazem força e frescor à Pinacoteca. Abaixo, o Brazil Journal selecionou cinco artistas que compõem a lista para contar um pouco mais sobre sua relevância e trajetória.

Retratistas do Morro – Afonso Pimenta

O projeto Retratistas do Morro reúne imagens produzidas pelos fotógrafos João Mendes e Afonso Pimenta, que trabalharam de 1960 a 1990 registrando o cotidiano dos moradores da comunidade do Aglomerado da Serra, a segunda maior favela do país, localizada em Belo Horizonte.

Mais de 30 mil imagens foram selecionadas pelo pesquisador e artista visual Guilherme Cunha, que é o curador do projeto, que foi um dos destaques do ano tanto na imperdível exposição “Dois Brasis”, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, quanto na edição da SP-Arte, Rotas Brasileiras, que aconteceu em agosto. As fotografias foram expostas no stand da GDA – Galeria de Artistas.

O projeto documenta ao mesmo tempo a realidade familiar dos moradores (casamentos, nascimentos, jogos de futebol, formaturas e bailes)  e o cenário socioeconômico e cultural da comunidade ao longo dos últimos anos.

 

Advânio Lessa

 

Nilda Neves

Nilda Neves nasceu em 1961, em Botuporã, no sertão da Bahia. Pintora surrealista e escritora associada ao realismo fantástico sertanejo, Nilda conecta suas memórias ao imaginário folclórico e mágico, mostrando a força do sertão baiano, dos cangaceiros e retirantes, uma narrativa própria que inclui personagens híbridos de humanos e animais.

Trata-se de uma obra extremamente original e potente que tem chamado a atenção de artistas e colecionadores. Nilda foi lançada no circuito nacional pela Central Galeria e desde outubro é representada pela Gomide & Co.

 

Nilda Neves

 

Advânio Lessa

Advânio Lessa nasceu em Lavras Novas, Minas Gerais, em 1981. Pai tropeiro (condutores de tropas de cavalos para transportar alimentos) e mãe cesteira, Advânio aprendeu cedo a arte da trama e os mistérios da floresta, o que passou a nortear seu trabalho como artista. “Com eles, aprendi a essência da natureza. Com o meu pai, a da natureza bruta; com minha mãe, como modular essa natureza bruta,” disse certa vez numa entrevista.

Em 2014, Advânio participou da mostra A Nova Mão Afro-Brasileira, no Museu Afro Brasil, com curadoria de Emanoel Araújo.

Hoje é representado pela galeria Marco Zero, do Recife, e pela Gomide & Co, que levará o trabalho do artista como destaque para a Art Basel Miami, em dezembro.

 

Advânio Lessa

 

Miguel dos Santos

Miguel dos Santos nasceu em Caruaru, Pernambuco, em 1944, e desde 1960 mora e trabalha em João Pessoa.

Ao lado de Ariano Suassuna, Francisco Brennand e Gilvan Samico, fez parte do Movimento Armorial, lançado no Recife em 1970. Artista autodidata, explora o universo de animais e seres fantásticos tanto através da pintura, quanto da cerâmica e da escultura, influenciado pela cultura popular do Nordeste.

Apesar de ter participado de diversas exposições coletivas ao longo de sua carreira, inclusive a 14ª Bienal de São Paulo, seu trabalho não teve o reconhecimento merecido. Afastado do mercado há 20 anos, fechou um acordo de representação com a Galatea, que levou suas obras para a feira Independent, que aconteceu em setembro em Nova Iorque. Suas obras integram acervos importantes como o do Masp, Centro Cultural Benfica – UFPE, Recife, e recentemente suas esculturas foram adquiridas por Inhotim.

 

Advânio Lessa

 

Carla Santana

Nascida em São Gonçalo, no Grande Rio, em 1995, Carla é a artista mais jovem da lista da Pinacoteca. Cofundadora e articuladora do movimento Trovoa – junto com as artistas Ana Almeida, Ana Clara Tito e Laís Amaral – Carla e suas colegas são todas representadas por grandes galerias e têm carreiras em franca ascensão.

Carla começou no teatro, onde explorava as dimensões do corpo e fazia experiências sensoriais. A argila foi o meio que a levou a explorar modelagem e escultura. Com o tempo, a argila líquida virou tinta.

Já participou de muitas coletivas no Brasil e na galeria Tanya Bonakdar, de Nova York, que representa nomes como Olafur Eliasson, Ernesto Neto e Sarah Sze.

Na feira de arte no Pacaembu, a ARPA, que aconteceu em junho, a galeria carioca Quadra, que a representa, levou somente suas obras para seu stand.  Tudo foi vendido nas primeiras horas.

 

Advânio Lessa