A Tembici, startup que opera o sistema de aluguel de bicicletas do Itaú, acaba de levantar US$ 47 milhões para ampliar sua frota e lançar um serviço de bikes elétricas — uma aposta de que o transporte sustentável será uma alternativa importante de locomoção no mundo pós-covid.
A rodada Série B foi liderada pela Valor Capital e a Redpoint eventures. Também participaram da captação a Joá Investimentos, de Luciano Huck (o primeiro investidor externo da empresa), e o IFC, o braço financeiro do Banco Mundial.
Hoje a Tembici opera uma frota de 16 mil bicicletas em doze cidades (10 no Brasil, mais Buenos Aires e Santiago).
Diferente de empresas como a Grow, que operam no modelo ‘dockless’, a Tembici atua com estações fixas de aluguel espalhadas pelas cidades. Com a demanda crescente, a startup quer usar os recursos para ampliar a frota nos mercados em que já está presente, além de lançar um serviço de aluguel de bicicletas elétricas inédito no Brasil.
Nos últimos meses, a empresa fez um piloto em São Paulo: as bikes elétricas tiveram um giro diário três vezes maior que as tradicionais.
“Essas bikes têm um custo mais alto de produção porque tem o motor, a parte elétrica…. mas o giro tem se mostrado bem maior,” Tomás Martins, o CEO e cofundador da Tembici, disse ao Brazil Journal. “Somando o giro ao price point mais alto, a rentabilidade pode ser bem superior à das bikes tradicionais.”
Cidades como Barcelona e Montreal já começaram a implantar sistemas de aluguel de bicicletas elétricas, apostando que cada vez mais pessoas vão usar os veículos para se locomover para o trabalho. Scott Sobel, o managing partner da Valor Capital, acha que as bikes serão parte importante do “novo normal.”
Por enquanto, a pandemia reduziu o tráfego da Tembici, mas Martins acha que a crise vai deixar um legado positivo para o setor, uma tese que já tem se comprovado em algumas cidades.
Em Toronto, por exemplo, o uso das bikes de aluguel aumentou em mais de 50% na comparação anual assim que a vida começou a voltar ao normal.
Em Paris, a Prefeitura está dando vouchers de € 50 para as pessoas consertarem suas bikes; enquanto, no Reino Unido, o governo anunciou um investimento de £ 2 bilhões para incentivar o uso de bikes e ampliar a infraestrutura de ciclovias.
Num momento em que concorrentes lutam para se tornar financeiramente sustentáveis, a Tembici já chegou ao breakeven.
Além dos contratos de patrocínio, que representam uma fatia relevante da receita, a startup tem um custo logístico e de depreciação muito menor que o das empresas que operam no modelo ‘dockless’. Como suas bikes ficam presas nas estações, o risco de furtos e danos é menor, e ela não precisa recolher as bikes todas as noites.
“As nossas tendem a se pagar mais rápido, porque os custos são menores e o giro, maior,” diz Martins.