Depois de uma primeira edição que foi sucesso de público e crítica, com uma expografia elegante e um conceito intimista, a feira de arte do Pacaembu (ArPa) abre hoje seu segundo ano apostando que “less is more.”
A ArPa, que vai até domingo numa tenda provisória montada no Pacaembu (não se assuste: o estádio está em obras). O evento acontece em parceria com a MADE, a feira de design criada há 11 anos por Waldick Jatobá e Bruno Simões.
Numa feira de arte, muitas vezes o público se perde entre tantas galerias e inúmeros artistas com obras expostas no mesmo estande. A proposta de ArPa é melhorar essa experiência.
Como o custo de participação das galerias é alto, muitas aproveitam para mostrar o máximo de obras, o que dificulta o registro de tanta informação simultânea pelo visitante. Com isso em mente, a ArPa deste ano traz (apenas) 50 expositores, sendo que muitos optaram por apresentar um só artista.
“Notei que em feiras com uma proposta como a da ArPa e da Frieze NY, de escala média e mais acolhedora, muitas galerias preferem apresentar um só artista para que o público tenha acesso àquela produção de maneira mais expressiva e aprofundada, quase como uma mini exposição individual,” disse Camilla Barella, a criadora e diretora do evento.
A Gustavo Rebello Arte, uma galeria do Rio de Janeiro, fará um stand dedicado a Ivan Serpa, que completaria 100 anos este ano.
O artista carioca tem um lugar de destaque na história da arte brasileira, principalmente no movimento concreto. Ganhador do prêmio de melhor pintor jovem da 1ª Bienal de São Paulo, em 1951, Serpa fundou o Grupo Frente, com Ferreira Gullar e Mário Pedrosa. Também fizeram parte Lygia Clark, Abraham Palatnik, Franz Weissmann e Hélio Oiticica – estes três últimos, alunos de Serpa nos cursos de arte que ministrava no MAM-Rio.
Também estarão presentes na ArPa duas galerias argentinas, uma do México e outra do Uruguai, ampliando o acesso do público à arte internacional.
Um grupo de curadores de instituições renomadas – incluindo José Esparza Chong Cuy, do Storefront for Art and Architecture (NY); Inés Katzenstein, do MoMA; e X Zhu-Nowell, do Rockbund Art Museum, de Shanghai – farão um tour pelos ateliês dos artistas das galerias participantes.
Na parte de design, Waldick e Bruno mantêm a proposta de apresentar design autoral com foco comercial, bem como ícones do design vintage. As divisórias de papelão cru que separam os móveis tem uma beleza impactante.
Bruno disse ao Brazil Journal que os designers participantes desta edição deram prioridade a materiais tipicamente brasileiros, voltando o olhar para o País. O design atual está menos modernista e mais brutalista, com uso de concreto e formas mais pesadas.
Há também uma homenagem – “Paulistano Xingu” – ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha, falecido há dois anos. A ideia do arquiteto – revestir uma poltrona Paulistano (um clássico seu) com tecidos criados por artistas da aldeia Kamayurá, no Xingu – foi executada por sua filha, Naná.
Foram criadas apenas cinco peças, que estarão à venda até domingo.