A Ambipar acaba de anunciar que fechou uma parceria com a B3 para a comercialização de seus tokens de crédito de carbono.

A parceria vai aumentar o acesso dos investidores ao token AMBI, ajudar a divulgar e popularizar os créditos de carbono no mercado de capitais, bem como dar um lastro reputacional a um produto que tem enfrentado questionamentos graças a alguns casos de certificações duvidosas. 

O tamanho da oferta inicial e o preço inicial do ativo ainda serão definidos, mas para efeito ilustrativo, na plataforma da SAP — onde o AMBI já é vendido — cada token representando uma tonelada negocia hoje por cerca de US$ 12. (No entanto, os tokens negociados na SAP são obrigatoriamente usados para a compensação de emissões, enquanto os listados na B3 poderão ser usados como investimento). 

A Ambipar tem 2,5 milhões de hectares de terras preservadas na Amazônia que geram mais de 5 milhões de toneladas de crédito de carbono por ano. 

A vasta maioria desses créditos é vendida diretamente para grandes clientes que querem compensar suas emissões de carbono. 

A aposta da Ambipar é que a listagem na B3 permitirá à companhia atingir um novo público para os tokens – como pessoas físicas ou pequenas empresas que não têm volume suficiente para a compra direta mas querem compensar suas emissões.  

A parceria com a B3 vem cinco meses depois da Ambipar fechar uma parceria semelhante com a SAP, passando a disponibilizar o token AMBI dentro da plataforma da gigante de software. A Ambipar não abre quantos tokens já foram comercializados na SAP desde o início do projeto. 

Os tokens também já são vendidos num app próprio da Ambipar, o Ambify.

Rafael Tello, o diretor de sustentabilidade da Ambipar, disse ao Brazil Journal que a empresa está em conversas com Bolsas de outros países para a listagem do AMBI. 

“Somos uma multinacional brasileira e temos acompanhado de perto a movimentação de várias outras Bolsas internacionais interessadas em negociar créditos de carbono,” disse Tello. 

Outro projeto em estudo é desenvolver uma moeda que possa ser distribuída por bancos, usada em negociações comerciais ou dentro das cadeias de suprimento. Por exemplo: uma empresa-âncora que queira estimular seus fornecedores a zerar suas emissões de carbono. 

“Queremos criar algo nesse sentido e estamos conversando com bancos internacionais para entender como distribuir isso,” disse o executivo. 

Hoje, os créditos de carbono gerados pela Ambipar são vendidos apenas no mercado voluntário. Mas uma das apostas da companhia é que eles possam atender também o mercado regulado, ampliando muito seu mercado endereçável. 

No mundo, o sistema vigente no mercado regulado é o de ‘cap and trade’: o Governo impõe um limite e quem ultrapassá-lo tem que comprar créditos de empresas que reduziram suas emissões ou sequestraram carbono. 

No Brasil, a regulamentação que está sendo desenhada prevê que as compensações do mercado regulado possam ser feitas não apenas com projetos de energia renovável como também com créditos gerados pela conservação, preservação e recuperação de florestas (conhecidas como ‘nature-based solutions’) – o caso dos créditos da Ambipar. 

“Alguns mercados regulados não dão a devida importância a soluções baseadas na natureza. No Brasil, onde a mudança do uso do solo (queimadas) é o principal componente das emissões, a integração desse tipo de crédito ao mercado regulado é fundamental para estimular a conservação e preservação de áreas florestais,” disse Tello.