O BTG Pactual acaba de publicar uma recomendação de compra para a ação da XP — pela primeira vez desde o IPO da companhia de Guilherme Benchimol em 2019.
Para o analista Eduardo Rosman, o melhor momento operacional e o selloff recente, com a ação caindo 13% este mês, criaram “um bom ponto de entrada.”
“Ainda que a gente continue com preocupações de médio prazo, a comunicação melhorou e acreditamos que eles estão cientes dos desafios pela frente,” escreveu o analista.
Rosman elevou suas estimativas para a XP pela terceira vez desde maio, dessa vez incluindo no modelo os números do segundo tri, que vieram acima do consenso.
“Depois de um 2022 difícil, o management humildemente admitiu seus erros e a XP executou grandes cortes de custos.”
Rosman vê o papel negociando a 12x o lucro estimado para o ano que vem, um múltiplo que ele considera atrativo. O preço-alvo é de US$ 32. O papel fechou ontem a US$ 23,63 (R$ 118 no BDR).
Apesar da recomendação de ‘compra’, o BTG diz ter preocupações de médio prazo que, se não endereçadas, podem se tornar problemas estruturais para a XP.
Uma dessas preocupações é o potencial de crescimento da empresa em investimentos.
“A XP já tem um market share de 20% no segmento de alta renda, mas tem um share pequeno no ‘high net worth’ e na baixa renda,” diz o relatório. “Com a recuperação do mercado, a pressão nos agentes autônomos (com M&As ou competição pelos rebates) deve voltar. Também temos dúvidas sobre a estratégia de crescimento da XP para além dos investimentos.”
Ele questiona, por exemplo, para onde o banco XP está indo, e quais os planos da empresa para o business de crédito.
Apesar dessas dúvidas, Rosman disse que ficou mais otimista com o case por conta da retomada do mercado de capitais, que deve turbinar as receitas nos próximos trimestres, e a perspectiva de queda dos juros, que deve fazer muitos investidores (que tinham migrado para produtos de menor risco dos bancões) migrarem de volta para os produtos da XP.
O analista nota ainda que sete bancos (incluindo a XP) ganharam uma comissão de quase R$ 1 bilhão na emissão de debêntures da Aegea. “Assumindo que a XP teve um share de 15-20%, seriam mais R$ 150-200 milhões em fees no terceiro trimestre, definitivamente um valor que mexe o ponteiro.”
O BTG elevou a projeção de lucro por ação da XP para 2023, 2024 e 2025 em 5%, 7% e 5%, respectivamente. Agora, o banco projeta um lucro líquido de R$ 4,25 bi este ano, R$ 5,2 bi ano que vem e R$ 5,7 bi em 2025, com o ROE na casa de 23%.